Classificação
de pesquisas segundo a metodologia.
Cada pesquisa, leva consigo diferentes
características, que torna necessário classifica-la.
A Classificação de pesquisas ajuda o
pesquisador a conferir maior racionalidade as etapas de execução, ajudando na
previsão e provisão de recursos, obtendo assim resultados mais satisfatórios.
As classificações segundo a metodologia leva
em consideração o ambiente da pesquisa, as técnicas de coleta, abordagens
teóricas e analise de dados.
Utilizamos os tipos de pesquisas baseados no
capítulo 4 do livro “Como elaborar projetos de pesquisa, de Antonio Carlos
Gil”. O capítulo se chama “Como Classificar as Pesquisas”.
(Referência do livro utilizado: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São
Paulo: Atlas, 1996. Cap. 4.)
Temos
os tipos de pesquisa:
“ é o tipo de pesquisa que investiga eventos que já
tenham ocorrido,
utilizando métodos descritivos e analíticos.” Kerlinger,
1980.
Helena Antipoff e
o ensino na capital mineira: a Fazenda do Rosário e a educação pelo trabalho
dos meninos "excepcionais" de 1940 a 1948 - Heulalia Rafante (Tese de Doutorado)
A Fazenda do Rosário foi criada em 1940, pela
educadora russa Helena Antipoff, para receber, em regime de
internato, meninos “excepcionais” de Belo Horizonte. Nosso trabalho analisou as
práticas pedagógicas da instituição, buscando verificar como essas ações
repercutiram na vida dos meninos internos. Primeiramente, apresentamos a
trajetória de Helena Antipoff, buscando compreender tanto
os princípios educativos endossados por ela, quanto as motivações para sua
vinda ao Brasil em 1929. Em seguida, acompanhamos a atuação da educadora junto
ao sistema de ensino da capital mineira na década de 1930, no sentido de
trilhar o caminho que a levou à criação de instituições para atender as
crianças que ela chamou de “excepcionais”, inclusive a Fazenda do Rosário.
Finalmente, com base no estudo da história da Fazenda do Rosário, verificamos o
perfil das crianças atendidas, as ações pedagógicas, as trajetórias dos
internos, as reações ao processo de institucionalização, constatando que o
trabalho constituiu-se o fio condutor dessas relações. Após um estudo das
condições em que o trabalho foi adotado como princípio educativo, tecemos uma
crítica à união entre ensino e trabalho praticada naquela instituição.
RAFANTE, H. C.;
LOPES, R. E. Helena Antipoff e a Fazenda do Rosário: a educação pelo trabalho de
meninos “excepcionais” na década de 1940. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo,
v. 19, n. 3, p. 144-152, set./dez. 2008.
www.revistas.usp.br/rto/article/download/14041/15859
“Consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar
as variáveis capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de
observação dos efeitos que a variável produz no objeto.” Gil, 1991.
Almeida MHM. Validação do Instrumento CICAc:
Classificação de Idosos quanto à Capacidade para o Autocuidado (Tese de Doutorado)
Introdução: O envelhecimento populacional está associado a maior
prevalência de incapacidades,
indicando o fortalecimento da capacidade funcional como principal medida para a
promoção da saúde dos idosos. Os terapeutas ocupacionais têm adaptado modelos
para avaliar a funcionalidade desta população. Com o propósito de produzir um
instrumento de uso consensual e sistematizar a atuação desse profissional com
idosos, especialmente em unidades básicas de saúde, elaborei o Instrumento
CICAc: Classificação de Idosos quanto à
Capacidade para o Autocuidado, válido em seu conteúdo somente para a população
estudada. Objetivos: Estabelecer a validade de conteúdo e avaliar a
confiabilidade do referido instrumento. Método: O instrumento foi apreciado e ajustado por um júri de especialistas
(n= 15) em três etapas, através da técnica Delphi, e a seguir aplicado duas
vezes, com intervalo de 7 a
15 dias, a uma população de idosos (n = 30). Resultados: Os itens obtiveram índices médios de aprovação de 93,3% para conteúdo
e 86,7% para enunciado. Sua estabilidade foi calculada através do coeficiente
Kappa que demonstrou concordância de moderada à excelente. O instrumento
apresentou consistência interna para as atividades básicas e instrumentais de
vida diária com Alpha de Cronbach de 0,713 e 0,704 respectivamente. Essa
análise limitou-se às áreas “perfil social” e “capacidade funcional” devido a
características do instrumento. Conclusões:
O Instrumento CICAc permite, após o processo de validação, classificar
os idosos quanto à capacidade para o autocuidado e se tornará útil ao terapeuta
ocupacional e em estudos e pesquisas sobre envelhecimento se divulgado,
aplicado e seus resultados compartilhados.
ALMEIDA, M. H. M.
Elaboração e validação do instrumento CICAc: classificação de idosos
quanto à capacidade
para o autocuidado. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, São Paulo, v. 15, n.
3, p. 112-20,
set./dez., 2004.
www.revistas.usp.br/rto/article/view/13948
Pesquisa bibliográfica
“A pesquisa bibliográfica
consiste na busca de uma problematizacão de um projeto de pesquisa a
partir de referencias publicadas, analisando e discutindo as contribuições
culturais e cientificas.” Gil, 1991.
ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE,
INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF). Fábia
Eloína de Oliveira Vasconcelos; Carla Regina da Silva. (Iniciação Científica)
A Classificação Internacional
de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), pertence à família das
classificações desenvolvidas pela OMS. A CIF é baseada no modelo
biopsicossocial que considera influências e inter-relações do indivíduo com seu
corpo, em um ambiente físico e social, reflete sobre deficiência e incapacidade
com os aspectos sociais e propõe um mecanismo para identificar os impactos que
o ambiente social e físico causam na funcionalidade e no desempenho do sujeito
(OMS, 2003). Objetivos Realizar levantamento bibliográfico sobre a CIF e
analisaras publicações que a citam, mapeando quais os objetivos dos trabalhos
cuja temática da CIF é apresentada. Métodos/Procedimentos: Foi realizado
o levantamento da produção científica sobre a CIF, no período de 2001 a 2012 nas línguas
portuguesa, inglesa e espanhola em artigos científicos publicados nas bases de
dados: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, SciELO e Portal de Teses e
Dissertações da CAPES, com as palavras-chaves: “CIF”, “Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde”. Resultados Parciais Foram
encontrados 67 artigos, 30 (45%) na BVS 23 (34%) na SciELO, 14 (21%) em ambas
bases de dados e no Portal da CAPES foram encontrados 21 artigos que também
estavam presentes na Bireme e no SciELO. De acordo com o idioma de publicação
39 (58%) foram publicados em língua portuguesa, 25 (37%) em língua espanhola e
3 (4%) em língua inglesa. 28 (43%) dos artigos não apresentaram população
específica e 37 (57%) relacionavam a CIF a uma população alvo e/ou determinada
patologia. Na análise dos artigos foram identificadas oito categorias sobre a
utilização da CIF: Divulgação 19 (28%); Instrumento de avaliação 18 (27%);
Referencial Teórico 13 (19%); Comprovação da eficácia 6 (9%); Crítica à CIF 5
(7%); Como Ferramenta de pesquisa 3 (5%); Dados epidemiológico 1 (1%) e
Aplicação 2 (3%). Conclusões As
categoriais de análise com maior concentração
de artigos demonstram que as publicações acerca da CIF abrangem
diferentes áreas profissionais, tal como,
ciências sociais e a educação. Como referencial teórico a CIF foi
utilizada para discutir conceitos sobre funcionalidade e incapacidade e os
estudos que estão na categoria ferramenta de pesquisa aplicaram a CIF
com intuito de auxiliar na categorização de dados seguindo as estruturas da
CIF. Mesmo com a orientação da OMS sobre a utilização da CIF para além de um
instrumento de avaliação, vimos que os estudos publicados comprovam que ela
proporciona um diagnóstico mais abrangente em comparação ao CID-10.
XX Congresso de Iniciação
Científica da UFSCar, 2013, São Carlos, SP. Anais de Eventos da UFSCar
“É utilizada tradicionalmente para a descrição dos
elementos de uma cultura específica, tais como comportamentos, crenças e
valores, baseada em informações coletadas mediante trabalho de campo.” Gil, 1991.
Jovens entre culturas: itinerários e perspectivas de
jovens Guarani entre a aldeia Boa Vista e a cidade de Ubatuba - Macedo MDC (Dissertação de Mestrado)
O estudo propôs
conhecer as relações dos jovens Guarani com a
comunidade da aldeia
Boa Vista e a cidade de Ubatuba. O trabalho de
campo e análises
foram realizadas com 12 jovens entre 13 e 29 anos que
participaram como
colaboradores. As principais temáticas foram no campo
da educação e saúde;
além dos estudos das histórias de vida compostas
nos eixos entre
cidade/ aldeia relativos aos itinerários dos jovens, suas redes
sociais e
perspectivas futuras. Na saúde verificamos as tensões existentes
nas relações de poder
entre o conhecimento técnico-científico e os
procedimentos Guarani
de saúde. E na educação, o aprendizado e domínio
do português aparecem
como essenciais nas relações sociais interculturais,
isto é, para o
diálogo e negociações com outras culturas.
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/.../tde.../MariaDanielaCMacedo.pdf
“Os estudos de caso controle são
retrospectivos. São estudos ex-post-facto,
ou seja, feitos de trás pra frente,
depois que ocorreram.”
“Nos estudos caso-controle o pesquisador não dispõe de
controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do
fenômeno, porque ele já ocorreu” Gil, 1991.
Estudo caso-controle de indicadores de
abandono em doentes com tuberculose*
SANDRA A. RIBEIRO, VERÔNICA M. AMADO,
AQUILES A. CAMELIER, MARCIA M.A. FERNANDES, SIMONE SCHENKMAN.
O abandono do tratamento da tuberculose tem
implicações sociais e epidemiológicas. Objetivos: Comparar características de
pacientes que abandonaram o tratamento com os que não o abandonaram (controle),
matriculados no CS-EPM/Unifesp, no período de 1995 a 1997, e verificar se
os grupos educativos de sala de espera diminuíram a ocorrência dos abandonos.
Método: Foi realizado estudo retrospectivo controlado com 100 pacientes (38
abandonos pareados para 62 controles) matriculados para tratamento de
tuberculose, em que se verificaram as variáveis mais relacionadas ao abandono.
Destes, 60 pacientes participaram voluntariamente de grupos educativos (16
abandonos e 44 controles). Resultados: As variáveis mais relacionadas ao
abandono foram: sexo masculino, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, presença
de fatores de risco para HIV e internação prévia. Os que participaram
voluntariamente dos grupos educativos de sala de espera tinham características
semelhantes ao total de pacientes estudados, mas houve menor ocorrência de
abandono durante o tratamento (p < 0,05). Conclusão: Os autores concluem
que, tendo-se amplamente disponíveis os meios para diagnóstico e seguimento dos
pacientes com tuberculose, todos os esforços possíveis deverão estar concentrados
para evitar o abandono, sobretudo nos pacientes de risco, que deverão ter à sua
disposição grupos educativos sobre a doença. (J Pneumol 2000;26(6):291-296)
“O estudo de coorte refere-se a um grupo de pessoas que
tem alguma característica comum, constituindo uma amostra a ser acompanhada por
certo período de tempo, para se observar e analisar o que acontece com elas” Gil, 1991.
Comportamento lúdico de crianças pré-termo e seu
desenvolvimento neuropsicomotor – Patrícia Rombe
O nascimento da
criança pré-termo é considerado um dos principais fatores de risco que pode
levar às alterações e atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Dentre estas
alterações estão as dificuldades nas áreas motoras, de aprendizagem, da
integração visomotora, problemas sensoriais e perceptivos que isolados ou de
forma combinada, acabam por repercutir na participação social da criança,
especialmente na realização das atividades da vida diária, escolar e no
brincar. Considerando-se o brincar como uma das principais atividades infantis,
o presente estudo teve por objetivo investigar possíveis associações entre o desempenho
do comportamento lúdico de crianças com histórico de prematuridade ao
nascimento e seu desenvolvimento neuropsicomotor. Buscou-se compreender este
fenômeno na etapa pré-escolar, ou seja, no momento exato em que antecede a
escolaridade formal (ingresso no ensino fundamental) a fim de se produzir
conhecimentos numa perspectiva preventiva em relação à escolarização. A
presente pesquisa fora aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de
São Carlos. Trata-se de um estudo analítico, observacional, e
de coorte retrospectivo, composto por 52 crianças distribuídas em
três grupos: Grupo de estudo GI (constituído por 12 crianças com histórico de
prematuridade e baixo peso ao nascimento com risco para atraso no
desenvolvimento detectado); Grupo de estudo GII (constituído por 14 crianças
com histórico de prematuridade e baixo peso ao nascimento sem atraso no
desenvolvimento detectado) e o Grupo Comparado-GIII (sem o referido histórico)
composto por 26 crianças pertencentes a mesma classe socioeconômica de acordo
com a classificação realizada por meio do Questionário Critério Brasil). Para
realização das avaliações foram utilizados três instrumentos: TSDD-II (Teste de
Triagem Denver II), a EPPDP (Escala de percepção dos professores sobre o
desempenho e participação do aluno no ambiente escolar), e a ELPK-rb (Escala
Lúdica Pré-escolar de Knox-Revisada). O primeiro instrumento foi utilizado para
definir a composição das amostras, o segundo com o objetivo de aferir a
percepção dos professores frente ao desenvolvimento das crianças, e o último
para realizar a avaliação específica do comportamento lúdico. Os dados
coletados foram analisados de forma quantitativa, no intuito de se verificar a
presença de diferenças significativas no comportamento lúdico em relação aos
três grupos. Para verificar a significância de possíveis associações entre os
grupos de prematuros e crianças nascidas a termo, com os resultados obtidos a
partir do TSDD-II, optou-se pelo Teste Exato de Fisher. Depois de verificada a
associação entre as variáveis de interesse, foi empregado o teste de
Kruskal-Wallis no intuito de verificar a existência, ou não, de diferenças
entre os escores obtidos pelas classes de variáveis analisadas, nos domínios da
ELPK-rb.
Os resultados deste
estudo revelaram que a partir de uma análise detalhada do comportamento lúdico
das crianças, ou seja da maneira como elas brincam, é possível identificar a
presença de alterações no desenvolvimento global, como também em áreas mais
específicas do desenvolvimento humano. Em relação ao desempenho das crianças
nas atividades que envolvem a coordenação motora global, observou-se que entre
as crianças com histórico de prematuridade e risco para atraso no
desenvolvimento 8% obtiveram resultados insatisfatórios e 17% foram avaliadas
como tendo um desempenho parcialmente satisfatório, o que não se repetiu nos
demais grupos analisados, os quais obtiveram na maioria dos casos rendimento
muito satisfatórios. Um quadro semelhante foi observado ao se analisar o
desempenho das crianças nas atividades motoras finas, onde as crianças com
histórico de prematuridade apresentaram um desempenho inferior aos das crianças
nascidas a termo, principalmente ao se comparar os resultados obtidos pelas
crianças do grupo GI com os obtidos pelas crianças do grupo GIII. Em relação
aos resultados obtidos na avaliação do domínio da participação da ELPK-rb, a
quase totalidade das crianças dos grupos GI, GII e GIII apresentaram um brincar
cooperativo, ou seja, preferiam brincar com outras crianças do que só. Outro
fator que nos chama a atenção ao observar os resultados referentes ao domínio
da participação, foi a presença de uma maior dificuldade das crianças com
histórico de prematuridade e “risco” para atraso no desenvolvimento em
“participar de jogos com regras simples” (uma vez que 17% não apresentaram o
comportamento esperado e 25% o realizaram de forma hesitante). Ainda com
relação ao domínio da participação, ao se analisar os resultados referentes à
área da linguagem observou-se, novamente, um desempenho inferior entre as
crianças com histórico de prematuridade, principalmente entre as crianças do
grupo GI, quando comparadas às crianças nascidas a termo. Sobre o desempenho
das crianças no domínio do faz-de-conta/jogo simbólico da ELPK-rb, notou-se que
as crianças do grupo GI obtiveram resultados inferiores aos das crianças dos
grupos GII e GIII, principalmente nos subitens “interpreta emoções mais
complexas” e desempenha “função nas brincadeiras para/ou com os outros”. Ao
realizar a associação entre os resultados obtidos pelos grupos na ELPK-rb, com
os apresentados no TSDD-II, observou-se que há alterações no comportamento
lúdico das crianças com histórico de prematuridade, decorrentes de possíveis
atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor, uma vez em todas as comparações
realizadas, os resultados apresentados pelas crianças do estrato 1 (com
histórico de prematuridade e “risco” para atraso no desenvolvimento) diferiram
das crianças do estrato 4 (nascidas a termo e com presença de “cautelas”). No
entanto, não é possível afirmar que a presença de “risco” para atraso no
desenvolvimento detectado pelo TSDD-II, bem como as alterações no comportamento
lúdico das crianças sejam conseqüências exclusivas da prematuridade, mas sim
que são decorrentes de múltiplos fatores que se somam e influenciam,
concomitantemente, no processo de desenvolvimento das habilidades motoras,
cognitivas, psicológicas, e sociais das crianças. Confirma-se, então, a
necessidade das práticas de educação, saúde e promoção do desenvolvimento ocorrer
em conjunto, contribuindo para a detecção de fatores de risco e para a promoção
da qualidade das interações e do ambiente em que as crianças encontram-se
inseridas. Neste sentindo, é necessário realizar investimentos na capacitação
de educadores/cuidadores/pajens, uma vez que estes podem constituir-se em
fatores protetivos ao desenvolvimento das crianças, minimizando/anulando os
efeitos negativos advindos da presença de fatores de riscos sociais e
biológicos mediante a estimulação das habilidades que englobam o
desenvolvimento infantil, principalmente através do brincar, já que este se
constitui como uma das principais atividades realizadas pelas crianças em idade
pré-escolar, e cuja essência primordial é a promoção do desenvolvimento
biopsicomotor e cognitivo dos sujeitos. Ao oferecer às crianças a
possibilidades de brincar, dá-se a estas muito mais que o ato em si mesmo, pois
proporciona-se a cada uma delas uma perspectiva melhor de vida e um desenvolver
de forma natural e saudável.
“É uma descrição da experiência vivida da consciência, mediante o
expurgo de suas características empíricas e sua consideração no plano da
realidade essencial”
“Busca a interpretação do mundo através da consciência do
sujeito formulada com base e suas experiências” Gil, 1991.
Lazer de pessoas com deficiências físicas e visuais:
significando, aprendendo e ensinando – Claudia Faganholi (Dissertação de Mestrado)
As vivências das
pessoas com deficiências em diferentes práticas sociais, quando dissociadas da
reflexão sobre a construção social das deficiências e, principalmente, dos
significados atribuídos por elas a estas práticas, podem evidenciar julgamentos
valorativos, como os que classificam e hierarquizam os indivíduos, gerando
atitudes marginalizantes. Dessa forma, educarmo-nos para a superação de
iniquidades sociais implica em estar com as pessoas, dirigindo o olhar para
suas formas de perceber e significar o mundo a partir de suas experiências, ou
seja, do desvelar de mulheres e homens sendo-no-mundo. Essa proposta é, em uma
perspectiva fenomenológica, dispor-se ao envolvimento com os anseios, as
emoções, as lembranças e todas as experiências que nos são permitidas perceber,
no espaço/tempo de encontro com as pessoas. Assim, o objetivo dessa pesquisa
foi compreender os processos educativos decorrentes da prática social lazer das
pessoas com deficiências físicas e visuais. Localizando a investigação a partir
da visão das pessoas colaboradoras da pesquisa, sobre seu lazer, o trabalho
utilizou os referenciais metodológicos da Fenomenologia, na modalidade fenômeno
situado. Os colaboradores da pesquisa são frequentadores de clubes
sóciorecreativos, no município de São Carlos. Foram entrevistadas três pessoas
com deficiências físicas e três pessoas com deficiências visuais, entre 17 e 73
anos de idade. Optamos por coletar os discursos a partir de duas interrogações:
“Qual o significado do lazer na sua experiência de vida?” e “O que você aprende
e ensina na sua vivência de lazer?”. Após várias leituras da transcrição das
entrevistas, foram realizados o levantamento das unidades de significado e a
redução fenomenológica. A análise dos dados caminhou para a organização
das convergências, divergências e idiossincrasias surgidas nos discursos,
expostas em uma matriz nomotética. Na construção dos resultados, os processos
educativos observados apontam especialmente para a valorização da prática
social lazer como um espaço de troca de experiências, de convívio social e de
afirmação da capacidade de fruição do lazer pelas pessoas com deficiências.
Neste contexto, apontam para situações de possível combate a pensamentos e
atitudes preconceituosas, que são significativas, inclusive em sua
singularidade, para se pensar o estabelecimento de políticas públicas que
promovam acessibilidade, incentivo e apoio para essa fruição, ainda que diante
de uma história de negação de oportunidades em nossa sociedade. Desta forma, o
lazer pode se apresentar a todas as pessoas como um espaço de reconhecimento e
valorização de suas semelhanças e diferenças, limitações e potencialidades e,
por conseguinte, promover uma vida cheia de sentido nas diversas práticas
sociais, contribuindo para a construção da cidadania.
“Uma modalidade de pesquisa que tem como propósito
“auxiliar a população envolvida a identificar por si mesma os seus problemas e
realizar a análise crítica destes e a buscar soluções adequadas” Gil, 1991.
A porta está aberta : aprendizagem colaborativa, prática
iniciante, raciocínio clínico e terapia ocupacional .Taís Quevedo Marcolino (Tese
de Doutorado)
A intervenção da
pesquisa caracterizou-se pela participação em um grupo de aprendizagem
colaborativa, composto por seis terapeutas ocupacionais iniciantes, duas
terapeutas ocupacionais experientes, e pela mentora-pesquisadora; além da
produção de diários reflexivos pelas profissionais iniciantes. Os dados
provenientes das transcrições dos encontros do grupo e das narrativas escritas
nos diários foram submetidos a três etapas de análise: uma análise temática e
do processo de desenvolvimento dos temas; uma análise das transformações nos
modos de trabalhar no grupo em uma linha do tempo; e a análise dos processos
reflexivos evidenciados nas narrativas escritas. Os resultados procuram
elucidar aspectos relacionados à configuração do trabalho colaborativo ao longo
do tempo, indicando momentos-chave de mudanças caracterizados pela elaboração
aberta e honesta dos conflitos e pela construção de relações de confiança,
permitindo a explicitação do não saber e a possibilidade de trabalhar sobre a
tensão essencial entre ser terapeuta ocupacional e a assistência em terapia
ocupacional. As negociações e elaborações centradas no primeiro pólo abarcaram
dilemas relacionados à competência profissional no início da carreira, ao
trabalho na saúde mental, às questões de identidade profissional e às
negociações com os contextos institucionais. As produções em torno do segundo
pólo evidenciaram a construção de uma assistência que se contrapõe ao modelo
biomédico, e a apropriação de conceitos teóricos que sustentam a ação do
terapeuta ocupacional no manejo da relação terapeuta-paciente-atividades. Além
disso, os resultados referentes à análise dos processos reflexivos evidenciados
nas narrativas escritas, tomados como processos de raciocínio clínico,
suscitaram diferenças em relação à literatura da área, indicando que o
raciocínio procedimental esteve voltado para a dinâmica da relação triádica, em
um agir intencional para a construção de histórias terapêuticas; além disso, os
resultados evidenciaram relações entre o raciocínio de diagnóstico situacional
e o raciocínio condicional, no esforço de compreender o paciente em sua vida
cotidiana, suas condições sociais e emocionais em uma cultura. Neste sentido, é
possível localizar esta pesquisa-ação como uma investigação que transita no
universo da formação e da prática profissional, e que congrega resultados
voltados para ampliar a discussão sobre como processos colaborativos podem ser
meios potentes para disparar atitudes investigativas capazes de sustentar uma
aprendizagem voltada para o desenvolvimento do terapeuta e de sua prática. Ao
colocar a terapia ocupacional como objeto de estudo e os terapeutas ocupacionais
como sujeitos capazes de produzir conhecimentos sobre a prática, esta pesquisa
também se deparou com resultados que, além de elucidarem aspectos constitutivos
de uma assistência centrada no sujeito-alvo, também oferecem parâmetros para
discussões e novas pesquisas interessadas em construir conhecimentos que
possibilitem maiores e melhores sustentações para o que fazemos.
“tipo de pesquisa com
base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação
ou ainda, com a resolução de um problema coletivo onde todos os pesquisadores e
participantes estão envolvidos de modo cooperativo e participativo” Gil, 1991.
Avaliação de impactos dos trabalhos de ONGs: aprendendo a
valorizar as mudanças . Roche,
Chris.
É o resultado de uma
prática de pesquisa-ação realizada conjuntamente por uma série de organizações
não-governamentais (ONGs) internacionais e locais sediadas em quatro países. A
pesquisa foi iniciada pela Oxfam da Grã-Bretanha e pela Novib da Holanda. Tenta
partilhar com outros as lições aprendidas a partir desta experiência, bem como
alguns dos desafios que surgem ao se pensar e realizar uma avaliação de
impacto. Está dirigido particularmente aos "executores", e os
especialistas em avaliação. A pesquisa mostra que há necessidade de
desmistificar o tema. O objetivo é tornar a avaliação de impacto acessível sem
ser simplista. Explora também aqueles elementos da avaliação de impacto que estão
além do âmbito do projeto, como são os processos organizacionais (AU)
“Vale-se
de toda a sorte de documentos, elaborados com finalidades diversas, tais como
assentamento, autorização, comunicação, etc.” Gil, 1991.
Pesquisa
documental sobre a história da hanseníase no Brasil. Vicente Saul Moreira dos
Santos
Em levantamento realizado no Real
Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro foram encontrados alguns livros
sobre a lepra. A obra Cura da
morphéa, de Antonio Aguiar, traz um longo histórico da enfermidade, além de
informações sobre diversos estágios, diagnóstico, prognóstico e tratamento.
Contém informações detalhas sobre sete pacientes aos quais o próprio autor
atendeu no Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro, e, ao final inclui um
capítulo sobre a recepção que as teorias de Broussais tiveram no Brasil. No Arquivo Nacional foram
localizados alguns documentos que versam sobre três casos. O primeiro deles é o
pedido feito em maio de 1864 por um 'médico' (não de formação, mas com
conhecimentos adquiridos na prática) e endereçado ao imperador Pedro II, no
sentido de autorizar o teste de métodos de cura em um hospital da Corte.
Alegava, para ser atendido, que teria curado alguns pacientes com lepra na
província do Rio de Janeiro. Junto com o pedido anexavam-se depoimentos que
supostamente comprovam
a alegação. O segundo (datado de outubro de 1828) tratava do
Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro, e pedia ao imperador Pedro I que
autorizasse o aumento da guarda no local; o outro ofício, assinado pelo marquês
de Caravelas (secretário de Estado dos Negócios do Império), destacando que os
pacientes da instituição eram maltratados pelo médico cirurgião e pelos
funcionários, solicitava que a junta do hospital tomasse as medidas necessárias
para solucionar a questão. O terceiro trazia informações sobre a Santa Casa de
Misericórdia de São João Del Rei (Minas Gerais), focalizando as instalações
destinadas aos lázaros, entre os anos de 1879 e 1880; informava que essas
dependências se localizavam no fundo do quintal da instituição e que os
pacientes estavam separados segundo sexo, ressaltando ainda que a construção
precisava de reformas; o documento contém informações sobre o movimento de
pacientes no hospital e dados sobre as finanças da instituição. Outra etapa da
pesquisa realizada no Arquivo Nacional voltou-se para a coleção de fotografias
do periódicoCorreio da Manhã.
“Tipo de pesquisa em que o investigador aplica um
tratamento – denominado intervenção – e observa os seus efeitos sobre um
desfecho.” Gil,
1991.
KALIL,
RAK ET AL - Terapia gênica com VEGF para angiogênese
na
angina refratária: ensaio clínico fase I/II
Treze pacientes foram selecionados com angina
refratária (Tabela 1), originados de 134 casos avaliados a partir dos seguintes
critérios de elegibilidade: pacientes com angina refratária ao tratamento
clínico otimizado ao máximo e cuja cinecoronariografia foi examinada por hemodinamicista
e por cirurgião cardiovascular independentemente e julgados como intratáveis
pelas técnicas percutânea ou cirúrgica, idade inferior a 75 anos, fração de
ejeção ventricular esquerda superior a 25%, presença de sintomas de angina e/ou
insuficiência cardíaca, apesar de tratamento medicamentoso máximo, ausência de neoplasia
diagnosticada e manutenção de hipoperfusão miocárdica em cintilografia de
controle após o período de tratamento farmacológico otimizado.
“Caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas
cujo comportamento se deseja conhecer. Procede-se a solicitação de informações
a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em
seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões
correspondentes aos dados coletados” Gil, 1991.
Comitês
de ética em pesquisa levantamento de 26 Hospitais Brasileiros. Carlos Fernando
Francisconi; Délio José Kipper; Gabriel Oselka; Joaquim Clotet; José Roberto
Goldim.
As normas de pesquisa em saúde, sejam
nacionais ou internacionais, prevêem que todos os projetos de pesquisa que
envolvam serem humanos, antes de serem executados, devem ser submetidos à
análise e aprovação de um Comitê de ética em Pesquisa. O objetivo do presente
trabalho foi realizar um levantamento do funcionamento dos Comitês de Ética em
pesquisa em instituições de saúde no Brasil, de como se está fazendo pesquisa
em seres humanos e quais os mecanismos institucionais que estão sendo
utilizados para controlá-la. Os dados obtidos demonstram, em primeiro lugar,
que é lamentável a forma como vem sendo realizada a pesquisa biomédica no
Brasil, em relação aos parâmetros de caráter ético estabelecido por normas
nacionais e internacionais. Em segundo lugar, a necessidade de uma ampla
divulgação das orientações nacionais e internacionais de pesquisa em saúde e do
papel relevante dos Comitês de Ética em Pesquisa.
“Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.” Gil, 1991.
Método pilates em
revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para reestruturação postural
– Estudos de caso. SACCO, I.C.N.; ANDRADE, M.S.; SOUZA, P.S.; NISIYAMA, M.;
CANTUÁRIA, A.L.;
MAEDA, F.Y.I.; PIKEL.
proposta
deste estudo foi analisar por uma visão cinesiológica e biomecânica
alguns
exercícios do método Pilates e compará–los entre si para uma melhor descrição
do método e dos benefícios desta atividade. Duas professoras do método foram
fotografadas realizando tais exercícios nos aparelhos Mat, Cadillac, Chair e
Reformer e, posteriormente os músculos trabalhados, de forma concêntrica e
excêntrica, e os alongados foram comparados com os ângulos articulares
mensurados no programa Corel Draw. Para o cálculo dos torques resistentes a
partir do modelo antropométrico de Dempster, foi aplicado o método segmentar
nas fotografias digitalizadas para determinar os centros de gravidade dos
segmentos do corpo. Concluímos que há uma grande variação dos torques
resistentes em função do posicionamento dos membros superiores e inferiores,
tronco e cabeça nos exercícios analisados e que a musculatura abdominal é o
principal grupo muscular trabalhado.
“ grounded theory (teoria baseada em dados): O
pesquisador reúne um volume de dados referente a determinado fenômeno. Após
compará-los, codificá-los e extrair seus irregularidades, conclui com teorias
que emergiram desse processo de análise” Gil, 1991.
O estudo do fenômeno da
resiliência em famílias é um domínio da Psicologia que requer investigações do
ponto de vista conceitual e metodológico. O presente trabalho apresenta uma
reflexão crítica sobre pesquisas quantitativas acerca da resiliência individual
e considera que a complexidade do construto sugere novas metodologias para o
estudo do fenômeno em famílias. Como possível solução metodológica, propomos a
associação de duas estratégias qualitativas: a entrevista reflexiva e a
grounded-theory. A entrevista reflexiva é um método dinâmico e interativo para
obtenção de informações e a grounded-theory apresenta princípios de análise que
complementam e subsidiam este tipo de coleta, permitindo que os conceitos
emerjam dos próprios dados e não sejam impostos por eles.