domingo, 24 de novembro de 2013

Metodologias de Pesquisa

Pesquisa Participativa

Essa pesquisa, como o próprio nome sugere, implica necessariamente na participação, tanto do pesquisador no contexto, grupo ou cultura que está a estudar, quanto dos sujeitos que estão envolvidos no processo da pesquisa.

Em oposição à pesquisa tradicional, na qual o pesquisador gera a ideia para o projeto, define os métodos e interpreta a realidade, considerando que é uma tarefa profissional de especialistas habilitados para conduzir e controlar todas as etapas da pesquisa e redigir, ao final, um texto técnico pessoal de comunicação dos resultados alcançados. Na pesquisa participativa o conhecimento é gerado pelas pessoas da comunidade ou da organização que coletam e analisam as informações, utilizando métodos adequados a sua compreensão, visando promover ações possíveis e factíveis que mudem ou melhorem suas vidas.

A pesquisa participativa assume que as pessoas, membros de comunidades, detêm conhecimentos e, potencialmente, são capazes de identificar seus problemas, ter consciência de suas necessidades e das condições que os determinam, esclarecer o contexto em que vivem e formular os meios necessários para afrontá-los, desde que auxiliados adequadamente para reunir o conjunto de forças da coletividade.

No que diz respeito aos instrumentos para coleta de dados adotados por pesquisadores participantes, podemos relacionar como mais recorrentes as entrevistas semi-estruturadas (coletivas e individuais), a análise documental e a observação participante. Entretanto, também podem ser encontradas pesquisas que se utilizam de entrevistas estruturadas, da técnica de sociodrama e mesmo do questionário, sendo esse último, no contexto da pesquisa participante, rejeitado por alguns.

Desse modo, vimos que a pesquisa aqui abordada tem como princípio uma ação transformadora que privilegia a melhoria das condições de vida dos indivíduos envolvidos com ela; estes que serão objetos de estudo e ao mesmo tempo pesquisadores, construtores de um novo saber que supera os saberes construídos no cotidiano da vida comunitária.

Pesquisa-Ação

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa participante engajada, em oposição à pesquisa tradicional, que é considerada como “independente”, “não-reativa” e “objetiva”. Como o próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática. É, portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é uma pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta (ENGEL, 2000, p.182).

 A pesquisa-ação é uma metodologia que pretende preencher a lacuna entre a teoria e a prática sendo constituída por etapas como o levantamento de perguntas, revisão bibliográfica, observação, levantamento de necessidades, hipóteses, plano de ação, avaliação dos resultados, publicação dos resultados e retorno destes aos participantes. Alguns instrumentos e procedimentos que se encaixam em uma ou mais etapas citadas são a observação, o levantamento de necessidades, questionários, entrevistas semi-estruturadas, entrevista aberta, questionários, análise do discurso, análise do sujeito coletivo, grupo focal, Diagnóstico Rápido e Dialogado (DRD), entrevista painel, diário de campo/ notas de campo, filmagens e gravações de grupos.

Estudo de caso

Atualmente, esse tipo de pesquisa é muito utilizado, podendo ser feito em várias áreas do conhecimento, como na saúde, na área jurídica, jornalística, da economia, etc. Pode ser realizado com uma pessoa especificamente, ou uma comunidade, um grupo e até mesmo um evento, entre outros.

Tem como objetivos compreender os acontecimentos do caso, esclarecer os processos a serem realizados e construir/propor novas ações. Existem três tipos conforme esses objetivos: intrínseco (que possibilita conhecer melhor o caso em si), o instrumental (visa esclarecer uma questão ou determinar uma teoria) e o coletivo (tenta entender diversos estudos de caso instrumentais).

O plano de pesquisa permite esquematizar quatro fases: 1º) Seleção dos casos e negociação do acesso; 2º) Trabalho de campo (coleta sistemática das informações); 3º) Organização dos registros (arquivamento padrão); 4º) Redação do relatório (didático e descritivo).

Porém, existem algumas objeções: alguns autores defendem que o Estudo de Caso não é propriamente uma metodologia, e que também possui características pouco consistentes e bem particulares, impossibilitando generalizações.

Mesmo assim, é considerado uma metodologia muito eficaz em estudos exploratórios ou estudos piloto (fase preparatória, que analisa toda a literatura disponível sobre um assunto e gera a definição do caso), além de gerar hipóteses para pesquisas posteriores, o que é considerado muito positivo.

Etnografia

Essa metodologia consiste na descrição da análise da cultura dos indivíduos ou comunidades (observação das interações sociais) e na interação direta com as pessoas na sua vida cotidiana, suas ações e significados atribuídos a elas. Ela se caracteriza pela descrição de um grupo especifico, descrevendo informações singulares do mesmo.

As principais fontes, antigamente, eram as teorias evolucionistas (que não são mais utilizadas). Com o tempo, se foi mudando as abordagens, utilizando a comparação de uma sociedade com a outra, posteriormente, a descrição das crenças das comunidades e, por fim, o racionalismo antropológico, onde o pesquisador participa (por um período) daquela comunidade, vive, estuda, mas sem ideias pré-concebidas, utilizando-se da observação participativa, tendo uma devolutiva para o grupo.

Em 1980-1990, optaram-se por abordar mais subjetividade/ legitimidade nos estudos.

As coletas geralmente são feitas a partir de observações e relatos feitos em campo, autobiografias e diário de campo. Os instrumentos são: papel, caneta, gravador e filmadora.

Pesquisa experimental e ensaio clínico

Pesquisa experimental:

Possui etapas de planejamento, sendo elas:

- Formular um problema (de maneira clara, objetiva e precisa);

 - Construção de hipóteses;

- Operacionalização das variáveis;

- Definição do plano experimental (de um única variável “one-way” ou planos fatoriais: testa várias hipóteses para chegar num resultado mais confiável);

- Determinação dos sujeitos: beneficiar a população que o sujeito da pesquisa faz parte, dar uma devolutiva;

- Randomização (aleatoriamente: simples ou pareada: dentro de pares semelhantes um é experimental e o outro é o controle);

- Determinação do ambiente (o pesquisador deve conhecer muito bem o ambiente para poder analisar suas possíveis influências na pesquisa, este ambiente pode ser o laboratório ou campo); e coleta de dados (manipulação das condições, observação dos efeitos produzidos);

- Análise e interpretação dos dados (análise estatística para analisar os impactos das diferenças entre grupos controle e experimental);

- Redação do relatório (introdução, referenciais teóricos, materiais e métodos, resultados obtidos/discussão, conclusão).

* O sujeito da pesquisa não precisa ser um ser humano, podem ser animais ou objetos.

Ensaio clínico:

O ensaio clínico pode ser definido como uma pesquisa experimental. Existem diversas modalidades, a mais conhecida é o Ensaio Randomizado Cego.

Suas etapas são:

- Formulação do problema

- Construção de hipóteses

- Definição dos objetivos

- Seleção dos participantes (pelos critérios de inclusão e exclusão)

- Medição das variáveis basais (dispor de informações prévias acerca dos participantes, principalmente em estudos com poucos participantes)

- Definição dos procedimentos do tratamento

- Randomização

- Cegamento (ensaio duplo-cegos)

- Acompanhamento de aderência ao protocolo

- Medição do desfecho

* Interrupção do ensaio (Se os danos superam os benefícios, não há porque mantê-lo. Se há indícios de que o ensaio não irá possibilitar a obtenção de respostas)

- Análise dos resultados (por testes de diferença ou teste não paramétricos).


Tipos de análise

Análise do discurso:

A análise do discurso pode ser utilizada de diversas formas que atendem a objetivos muito diferentes. Isso ocorre devido ao discurso não ter sentido único, por isso é analisado de formas variadas atendendo a necessidade do pesquisador.  Procura analisar o uso da linguagem em discursos contextualizados de pessoas que interagem, e os processos pelos quais dão forma linguística e produzem sentido nas suas interações sociais.

Tendências: 1ª considera o discurso regendo-o por normas (estudando a gramática), tendo por finalidade investigar as propriedades formais da língua. 2ª analisa o discurso situado num contexto sócio histórico e leva em consideração o sentido elaborado no momento da produção do discurso.

Análise do conteúdo:

A análise de conteúdo visa decompor as unidades léxicas ou temáticas de um texto, codificadas sobre algumas categorias, compostas por indicadores que permitam uma enumeração das unidades e, a partir disso, estabelecer inferências generalizadoras.

O critério fundamental de análise de conteúdo é o fragmento singular do texto: a palavra, termo ou lexema, considerando-os como a menor unidade textual e, como tal, passível de se analisar a frequência com que aparecem no texto, a fim de se estabelecer correlações significativas entre as unidades e extrair conteúdo relevante da mensagem. Para alguns, esta é uma técnica exclusivamente quantitativa.

Análise de Narrativa

A análise de narrativa pode ter uma variedade de formas em pesquisa. Nela, existem duas orientações fundamentais, a qual a primeira se deriva no formalismo estruturalista e se baseia na coerência de um texto ser encontrado em formas, sintaxe e códigos; e a segunda analisa a narrativa a partir das experiências vividas, produzidas nas interações sociais e especialmente entrevistas clínicas.

A análise formal-estrutural parte de princípios relacionados ao código, gramática e sintaxe, procurando extrair os significados do texto usando as regras preestabelecidas.

Os etnometodológos estudam as narrativas como conversações situadas, extraindo as unidades de análise dependentes do contexto em que são ditas, encontrando os fundamentos que expliquem o significado da narrativa, partindo de pressupostos e regras que a descrevam. As análises etnometodológicas das narrativas e a antropologia das comunicações assumem a forma de análise de conversação.

As análises de conversação são eminentemente descritivas da fala dos participantes, pressupondo que os proseadores constroem uma realidade social nas intercomunicações interpessoais.

Nas narrativas clínicas, encontra-se 2 formas de exploração da narrativa para se obter informações sobre a experiência humana vivida e sobre o modo como alguém constrói o sentido de suas ações. A primeira é pré-formatada pelo investigador, extraindo informações requeridas para verificar sua hipótese; e a segunda, elaborada pelo narrador que relata sua historia pessoal, da qual se retira o sentido que ele próprio empresta à realidade.

Diferenças entre esses tipos de análise:

A análise do conteúdo, análise do discurso e análise de narrativas são modalidades de interpretação de textos que, apoiando-se em diferentes orientações filosóficas, propõem formas de análise fundamentadas nas diversas teorias linguísticas, na semiótica, na hermenêutica, no estruturalismo, no pós-estruturalismo, no interacionismo e na análise da conversação, a fim de se extrair significados expressos ou latentes de um texto.

Para Bardin (1979), a análise de conteúdo abrange as iniciativas de explicitação, sistematização e expressão do conteúdo de mensagens, com a finalidade de se efetuarem deduções lógicas e justificadas a respeito da origem dessas mensagens (quem as emitiu, em que contexto e/ou quais efeitos se pretende causar por meio delas).

A análise de discurso visa refletir sobre as condições de produção e apreensão da significação de textos e compreender o modo de funcionamento, os princípios de organização e as formas de produção social do sentido (Minayo, 2000).          Trabalhando o ponto de articulação da língua com a ideologia e procura explicitar o modo como se produzem as ilusões do sujeito e dos sentidos (os pontos de estabilização referencial e os de subjetivação), analisando como se dá esse sentido e os processos e o influenciam.

A análise de narrativa objetiva obter informações sobre a experiência humana vivida e relatada, a fim de apreender e compreender o sentido de suas ações. Baseia-se em regras pré-estabelecidas.


História de vida

Essa metodologia se inseriu no meio acadêmico em 1920, na escola de Chicago. Trata-se de uma coleta de dados, onde se tem a subjetividade do mundo da pessoa, onde o próprio sujeito faz a avaliação de sua vida e também acaba refletindo o que passou. Ter um vínculo com o entrevistado é importante para a história de vida ser coletada de modo que se sinta confortável a abrir partes de sua vida. É uma metodologia de uma pesquisa qualitativa, podendo ser oral, escrito ou no método biográfico. Os instrumentos utilizados são gravação ou entrevista.

Podemos classificar essa metodologia em quatro tipos: objetivo, subjetivo, relato ou história de vida (estória) ou documento (história). Os gêneros são divididos em biografia, etnografia, autobiografia, testemunho e história oral.



Referências Bibliográficas

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa Qualitativa em Ciências Humanas e Sociais. 4ºed. Petrópolis. RJ: Vozes, 2011.

ENGEL, G. I. Pesquisa-ação. Curitiba: Educar, n. 16, p. 181-191. 2000.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 5º Ed., São Paulo: Atlas, 2010.

Santos, R. F. Pesquisa Participante: o que é, como se faz. Publicado em mar/2012. Disponível em: http://baixadacarioca.wordpress.com/2012/03/19/pesquisa-participante-o-que-e-como-se-faz/ Acesso em: Nov/2013.


Soares, L. Q.; Ferreira, M. Q. Pesquisa Participante como Opção Metodológica para a Investigação de Práticas de Assédio Moral no Trabalho. Psicologia (Florianópolis), v. 6, p. 85-110, 2006.


Maria Angelica, Mayara e Milena


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mapa Conceitual de Revisão de Literatura

Um  esquema simplificado em formato de mapa conceitual sobre a aula de Revisão de Literatura

Textos e esquemas desenvolvidos por Letícia Barbano e Thallyta Almeida utilizando os recursos de "smart art" do Microsoft Word e alguns recursos do Adobe Photoshop Cs5

Manual Básico do Zotero

Oi pessoal, ai vai um manualzinho de como é feita a instalação e como se utilizam as funções mais básicas do Zotero. Me parece um ótimo programa para quem está começando a escrever um projeto (IC, por exemplo) ou artigo e não é tão organizado com as referências. Mesmo para os que são sim organizados, esse aplicativo deixa as referências no formato certinho.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa:
Esta É a Questão?
Por Thaís Breternitz Lino

O artigo “Pesquisa Qualitativa versus Pesquisa Quantitativa: Esta é a Questão?” do Hartmut Günther apresenta as abordagens das pesquisas quantitativas e qualitativas, demonstrando suas diferenciações e apontando suas vantagens e desvantagens.
Foi descrito predominantemente a pesquisa qualitativa e apontado à complexidade dos seus atributos e o critério de qualidade.
Para organizar as diferenças e similaridades entre os dois tipos de pesquisa, o autor considerou as características da pesquisa qualitativa, a postura do pesquisador, estratégias de coleta de dados, o estudo de caso, o papel do sujeito e a aplicabilidade dos resultados da pesquisa.
Muitos autores reduzem a diferenciação entre a pesquisa quantitativa e qualitativa no argumento que a pesquisa qualitativa tem objeto com significados subjetivos, enquanto o objeto da pesquisa quantitativa é concreto. Mas esta definição, segundo Günther, fica apenas no contraponto das duas e não é suficiente para conceituar estes tipos de pesquisa. Basicamente, segundo ele, o que vai ajudar a definir qual tipo de pesquisa será adequado é a pergunta da pesquisa e a maneira de chegar à compreensão do problema entre as variáveis disponíveis da questão estudada. Ou seja, definir qual pesquisa realizar, se será quantitativa, qualitativa e quantitativo-qualitativa, é pensar em como chegar a um resultado que melhor contribua para a compreensão do fenômeno estudado e para o avanço do bem-estar social, dependendo do objetivo da pesquisa.

Leia o artigo na íntegra:

GÜNTHER, H. Pesquisa Qualitativa versus Pesquisa Quantitativa: Esta é a Questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília. Mai-Ago 2006, vol. 22 n.2, pp. 201-210.


Veja também alguns exemplos de pesquisa qualitativa, quantitativa e qualitativo-quantitativa em Terapia Ocupacional:

Qualitativa:

Título: A inclusão escolar de alunos com deficiência mental: uma proposta de intervenção do terapeuta ocupacional no cotidiano escolar.
Processo metodológico e metodologia: A partir do relato de uma experiência de intervenção realizada por estagiários de Terapia Ocupacional no recreio de uma escola estatual de ensino fundamental da cidade de São Paulo foi realizada uma análise qualitativa dos relatos coletados, apontando as dificuldades que o ambiente escolar apresenta ao estabelecer relações cotidianas de qualidade com o aluno com deficiência mental.
Referência:
JURDI, Andréa Perosa Saigh; AMIRALIAN, Maria Lúcia Toledo de Moraes. A inclusão escolar de alunos com deficiência mental: uma proposta de intervenção do terapeuta ocupacional no cotidiano escolar. Estud. psicol. (Campinas),  Campinas ,  v. 23, n. 2, June  2006 .   Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2006000200009


Quantitativa:

Título: Avaliação da capacidade funcional de idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família na comunidade do Pontal da Barra, Maceió-Al.
Processo metodológico e metodologia: O estudo do tipo prospectivo e de corte transversal foi realizado na comunidade do Pontal da Barra (área IV), no município de Maceió-AL. Foi realizado uma avaliação da capacidade funcional a partir da aplicação da HAQ- Stanford Health Assessment Questionnaire, em uma amostra de n=95 idosos. Depois de coletados e apurados os dados da pesquisa, foi realizado uma análise quantitativa, com auxílio do programa de estatística BioEstat.
Referência:
BISPO, E. P. F; ROCHA, M. C. G; REYS, M. F. M. Avaliação da capacidade funcional de idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família na comunidade do Pontal da Barra, Maceió-Al. Cad. De Terapia Ocupacional. 2012. Vol.20, n.1, p.81-87. Avaibable from http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/551/365


Quali-quanti:

Título: Formação em serviço de profissionais da saúde na área de tecnologia assistiva: o papel do Terapeuta Ocupacional.
Processo metodológico e metodologia: Participaram do estudo 28 terapeutas ocupacionais e nove fonoaudiólogos. O estudo foi realizado no Rio de Janeiro, onde os profissionais tinham que responder a questionários, assistirem vídeos, realizar atividades simuladas e dinâmicas de grupo relacionadas à Tecnologia Assistiva. O método utilizado foi a pesquisa-ação e a análise dos dados envolveu a análise quantitativa das questões fechadas e análise de conteúdo das questões descritivas.
Referência:
PELOSI, Miryam Bonadiu  e  NUNES, Leila Regina d'Oliveira de Paula. Formação em serviço de profissionais da saúde na área de tecnologia assistiva: o papel do Terapeuta Ocupacional. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. [online]. 2009, vol.19, n.3, pp. 435-444. ISSN 0104-1282. Avaibable from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbcdh/v19n3/09.pdf



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Como Esquematizar uma pesquisa?

Por Aline Zacchi, Jaime Leite, Tatiane Lima.
Segue abaixo um esquema de como esquematizar uma pesquisa através de um artigo.

Referência
ALENCAR, M. C. B.; BIZ, R. A. M. Relações entre condições e organização do trabalho e os afastamentos de trabalhadores portuários de transporte. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 23, n. 3, p. 208-15, set./dez. 2012.

Formulação de um problema
Na visão dos trabalhadores, quais as possíveis relações existentes entre os afastamentos de trabalhadores portuários de e aspectos das condições e organização do trabalho de quando estavam ativos?



Identificação do tipo de pesquisa
Estudo de caso, de caráter descritivo e exploratório, com ênfase em análises qualitativas.



Variáveis
- condição e organização do trabalho
- afastamentos por motivo de saúde de trabalhadores portuários


Operacionalização das Variáveis (como vou tratar /conseguir mensurar variáveis não facilmente observáveis?)
- Análise de conteúdo de entrevistas com trabalhadores de questões que correlacionem as condições do trabalho e os afastamentos por motivo de saúde; 

Elaboração dos instrumentos de coleta de dados
Para a realização das entrevistas semiestruturadas foi elaborado um roteiro, com questões referentes aos dados pessoais (idade, estado civil, escolaridade), ao perfil profissional, tempo de serviço, tempo de afastamento, entre outros, e aspectos do trabalho no setor portuário (descrição das atividades e das condições de trabalho, vivências de cada um deles no respectivo ambiente de trabalho, das dificuldades para a realização do trabalho, das causas do afastamento, entre outras). O entrevistador buscou aprofundar, na medida do possível, alguns elementos presentes nos depoimentos e pertinentes ao estudo.



Coleta de Dados
As entrevistas, realizadas no período de outubro de 2010 a fevereiro de 2011, tiveram duração média de 50-60 minutos, foram gravadas e transcritas na íntegra.


Seleção da amostra
Foram convidados a participar motoristas (n=4) e operadores de conjunto transportador (n=2) elencados em listagem fornecida pelo respectivo sindicato. O critério utilizado para seleção dos participantes relacionou-se ao fato de estarem, no momento da coleta de dados, em situação de afastamento do trabalho.
                                                                    
Resultados
Neste estudo foram identificados os principais riscos à saúde dos motoristas e operadores de conjunto transportador que atuam nos terminais portuários. São eles: ritmo intenso de trabalho, poucas pausas, jornadas extensas de trabalho, condições precárias dos caminhões, pouco reconhecimento no trabalho e, exposição aos aspectos ambientais (vento, chuva, sol, entre outros). Tais situações podem ocasionar acidentes e consequentemente, situações de afastamento do trabalho, como identificados pelos trabalhadores.
Também percebeu –se que A falta de segurança no trabalho em alguns procedimentos, e a possibilidade de presenciar acidentes fatais, pode ser uma vivência muito traumática para os sujeitos.
Gerou algumas reflexões sobre a necessidade de ações mais eficazes para a segurança, humanização das situações e contextos de trabalho.



Análise e Interpretação dos Dados

Foi realizada a análise de conteúdo por categorias (BARDIN, 2010). As categorias analisadas foram: ritmo intenso de trabalho; poucas pausas; jornadas extensas de trabalho; condições precárias dos caminhões; pouco reconhecimento no trabalho; exposição aos aspectos ambientais.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Classificação de pesquisas segundo a metodologia.


Cada pesquisa, leva consigo diferentes características, que torna necessário classifica-la.
A Classificação de pesquisas ajuda o pesquisador a conferir maior racionalidade as etapas de execução, ajudando na previsão e provisão de recursos, obtendo assim resultados mais satisfatórios.
As classificações segundo a metodologia leva em consideração o ambiente da pesquisa, as técnicas de coleta, abordagens teóricas e analise de dados.
Utilizamos os tipos de pesquisas baseados no capítulo 4 do livro “Como elaborar projetos de pesquisa, de Antonio Carlos Gil”. O capítulo se chama “Como Classificar as Pesquisas”.
(Referência do livro utilizado: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996. Cap. 4.)

 Temos os tipos de pesquisa:

  • Pesquisa histórica
“ é o tipo de pesquisa que investiga eventos que já tenham ocorrido,
utilizando métodos descritivos e analíticos.” Kerlinger, 1980.


Helena Antipoff e o ensino na capital mineira: a Fazenda do Rosário e a educação pelo trabalho dos meninos "excepcionais" de 1940 a 1948 - Heulalia Rafante (Tese de Doutorado)

A Fazenda do Rosário foi criada em 1940, pela educadora russa Helena Antipoff, para receber, em regime de internato, meninos “excepcionais” de Belo Horizonte. Nosso trabalho analisou as práticas pedagógicas da instituição, buscando verificar como essas ações repercutiram na vida dos meninos internos. Primeiramente, apresentamos a trajetória de Helena Antipoff, buscando compreender tanto os princípios educativos endossados por ela, quanto as motivações para sua vinda ao Brasil em 1929. Em seguida, acompanhamos a atuação da educadora junto ao sistema de ensino da capital mineira na década de 1930, no sentido de trilhar o caminho que a levou à criação de instituições para atender as crianças que ela chamou de “excepcionais”, inclusive a Fazenda do Rosário. Finalmente, com base no estudo da história da Fazenda do Rosário, verificamos o perfil das crianças atendidas, as ações pedagógicas, as trajetórias dos internos, as reações ao processo de institucionalização, constatando que o trabalho constituiu-se o fio condutor dessas relações. Após um estudo das condições em que o trabalho foi adotado como princípio educativo, tecemos uma crítica à união entre ensino e trabalho praticada naquela instituição.

RAFANTE, H. C.; LOPES, R. E. Helena Antipoff e a Fazenda do Rosário: a educação pelo trabalho de meninos “excepcionais” na década de 1940. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 19, n. 3, p. 144-152, set./dez. 2008.

www.revistas.usp.br/rto/article/download/14041/15859

  • Pesquisa experimental

“Consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.Gil, 1991.

Almeida MHM. Validação do Instrumento CICAc: Classificação de Idosos quanto à Capacidade para o Autocuidado (Tese de Doutorado)

Introdução: O envelhecimento populacional está associado a maior prevalência de incapacidades, indicando o fortalecimento da capacidade funcional como principal medida para a promoção da saúde dos idosos. Os terapeutas ocupacionais têm adaptado modelos para avaliar a funcionalidade desta população. Com o propósito de produzir um instrumento de uso consensual e sistematizar a atuação desse profissional com idosos, especialmente em unidades básicas de saúde, elaborei o Instrumento CICAc: Classificação de Idosos quanto à Capacidade para o Autocuidado, válido em seu conteúdo somente para a população estudada. Objetivos: Estabelecer a validade de conteúdo e avaliar a confiabilidade do referido instrumento. Método: O instrumento foi apreciado e ajustado por um júri de especialistas (n= 15) em três etapas, através da técnica Delphi, e a seguir aplicado duas vezes, com intervalo de 7 a 15 dias, a uma população de idosos (n = 30). Resultados: Os itens obtiveram índices médios de aprovação de 93,3% para conteúdo e 86,7% para enunciado. Sua estabilidade foi calculada através do coeficiente Kappa que demonstrou concordância de moderada à excelente. O instrumento apresentou consistência interna para as atividades básicas e instrumentais de vida diária com Alpha de Cronbach de 0,713 e 0,704 respectivamente. Essa análise limitou-se às áreas “perfil social” e “capacidade funcional” devido a características do instrumento. Conclusões: O Instrumento CICAc permite, após o processo de validação, classificar os idosos quanto à capacidade para o autocuidado e se tornará útil ao terapeuta ocupacional e em estudos e pesquisas sobre envelhecimento se divulgado, aplicado e seus resultados compartilhados.

ALMEIDA, M. H. M. Elaboração e validação do instrumento CICAc: classificação de idosos
quanto à capacidade para o autocuidado. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, São Paulo, v. 15, n.
3, p. 112-20, set./dez., 2004.
www.revistas.usp.br/rto/article/view/13948

Pesquisa bibliográfica

“A pesquisa bibliográfica consiste na busca de uma problematizacão de um projeto de pesquisa a partir de referencias publicadas, analisando e discutindo as contribuições culturais e cientificas.” Gil, 1991.

ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF). Fábia Eloína de Oliveira Vasconcelos; Carla Regina da Silva. (Iniciação Científica)


A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), pertence à família das classificações desenvolvidas pela OMS. A CIF é baseada no modelo biopsicossocial que considera influências e inter-relações do indivíduo com seu corpo, em um ambiente físico e social, reflete sobre deficiência e incapacidade com os aspectos sociais e propõe um mecanismo para identificar os impactos que o ambiente social e físico causam na funcionalidade e no desempenho do sujeito (OMS, 2003). Objetivos Realizar levantamento bibliográfico sobre a CIF e analisaras publicações que a citam, mapeando quais os objetivos dos trabalhos cuja temática da CIF é apresentada. Métodos/Procedimentos: Foi realizado o levantamento da produção científica sobre a CIF, no período de 2001 a 2012 nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola em artigos científicos publicados nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, SciELO e Portal de Teses e Dissertações da CAPES, com as palavras-chaves: “CIF”, “Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde”.  Resultados Parciais Foram encontrados 67 artigos, 30 (45%) na BVS 23 (34%) na SciELO, 14 (21%) em ambas bases de dados e no Portal da CAPES foram encontrados 21 artigos que também estavam presentes na Bireme e no SciELO. De acordo com o idioma de publicação 39 (58%) foram publicados em língua portuguesa, 25 (37%) em língua espanhola e 3 (4%) em língua inglesa. 28 (43%) dos artigos não apresentaram população específica e 37 (57%) relacionavam a CIF a uma população alvo e/ou determinada patologia. Na análise dos artigos foram identificadas oito categorias sobre a utilização da CIF: Divulgação 19 (28%); Instrumento de avaliação 18 (27%); Referencial Teórico 13 (19%); Comprovação da eficácia 6 (9%); Crítica à CIF 5 (7%); Como Ferramenta de pesquisa 3 (5%); Dados epidemiológico 1 (1%) e Aplicação 2 (3%).  Conclusões As categoriais de análise com maior concentração  de artigos demonstram que as publicações acerca da CIF abrangem diferentes áreas profissionais, tal como,  ciências sociais e a educação. Como referencial teórico a CIF foi utilizada para discutir conceitos sobre funcionalidade e incapacidade e os estudos que estão na categoria ferramenta de pesquisa aplicaram a CIF com intuito de auxiliar na categorização de dados seguindo as estruturas da CIF. Mesmo com a orientação da OMS sobre a utilização da CIF para além de um instrumento de avaliação, vimos que os estudos publicados comprovam que ela proporciona um diagnóstico mais abrangente em comparação ao CID-10.

 XX Congresso de Iniciação Científica da UFSCar, 2013, São Carlos, SP. Anais de Eventos da UFSCar


  • Pesquisa etnográfica

“É utilizada tradicionalmente para a descrição dos elementos de uma cultura específica, tais como comportamentos, crenças e valores, baseada em informações coletadas mediante trabalho de campo.” Gil, 1991.

Jovens entre culturas: itinerários e perspectivas de jovens Guarani entre a aldeia Boa Vista e a cidade  de Ubatuba - Macedo MDC (Dissertação de Mestrado)


O estudo propôs conhecer as relações dos jovens Guarani com a
comunidade da aldeia Boa Vista e a cidade de Ubatuba. O trabalho de
campo e análises foram realizadas com 12 jovens entre 13 e 29 anos que
participaram como colaboradores. As principais temáticas foram no campo
da educação e saúde; além dos estudos das histórias de vida compostas
nos eixos entre cidade/ aldeia relativos aos itinerários dos jovens, suas redes
sociais e perspectivas futuras. Na saúde verificamos as tensões existentes
nas relações de poder entre o conhecimento técnico-científico e os
procedimentos Guarani de saúde. E na educação, o aprendizado e domínio
do português aparecem como essenciais nas relações sociais interculturais,
isto é, para o diálogo e negociações com outras culturas.

www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/.../tde.../MariaDanielaCMacedo.pdf



  • Pesquisa caso-controle

      “Os estudos de caso controle são retrospectivos. São estudos ex-post-facto,   
       ou seja, feitos de trás pra frente, depois que ocorreram.”
“Nos estudos caso-controle o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do fenômeno, porque ele já ocorreu” Gil, 1991.

Estudo caso-controle de indicadores de abandono em doentes com tuberculose*
SANDRA A. RIBEIRO, VERÔNICA M. AMADO, AQUILES A. CAMELIER, MARCIA M.A. FERNANDES, SIMONE SCHENKMAN.

 O abandono do tratamento da tuberculose tem implicações sociais e epidemiológicas. Objetivos: Comparar características de pacientes que abandonaram o tratamento com os que não o abandonaram (controle), matriculados no CS-EPM/Unifesp, no período de 1995 a 1997, e verificar se os grupos educativos de sala de espera diminuíram a ocorrência dos abandonos. Método: Foi realizado estudo retrospectivo controlado com 100 pacientes (38 abandonos pareados para 62 controles) matriculados para tratamento de tuberculose, em que se verificaram as variáveis mais relacionadas ao abandono. Destes, 60 pacientes participaram voluntariamente de grupos educativos (16 abandonos e 44 controles). Resultados: As variáveis mais relacionadas ao abandono foram: sexo masculino, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, presença de fatores de risco para HIV e internação prévia. Os que participaram voluntariamente dos grupos educativos de sala de espera tinham características semelhantes ao total de pacientes estudados, mas houve menor ocorrência de abandono durante o tratamento (p < 0,05). Conclusão: Os autores concluem que, tendo-se amplamente disponíveis os meios para diagnóstico e seguimento dos pacientes com tuberculose, todos os esforços possíveis deverão estar concentrados para evitar o abandono, sobretudo nos pacientes de risco, que deverão ter à sua disposição grupos educativos sobre a doença. (J Pneumol 2000;26(6):291-296)


  • Pesquisa de coorte
“O estudo de coorte refere-se a um grupo de pessoas que tem alguma característica comum, constituindo uma amostra a ser acompanhada por certo período de tempo, para se observar e analisar o que acontece com elas” Gil, 1991.

Comportamento lúdico de crianças pré-termo e seu desenvolvimento neuropsicomotor – Patrícia Rombe

O nascimento da criança pré-termo é considerado um dos principais fatores de risco que pode levar às alterações e atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Dentre estas alterações estão as dificuldades nas áreas motoras, de aprendizagem, da integração visomotora, problemas sensoriais e perceptivos que isolados ou de forma combinada, acabam por repercutir na participação social da criança, especialmente na realização das atividades da vida diária, escolar e no brincar. Considerando-se o brincar como uma das principais atividades infantis, o presente estudo teve por objetivo investigar possíveis associações entre o desempenho do comportamento lúdico de crianças com histórico de prematuridade ao nascimento e seu desenvolvimento neuropsicomotor. Buscou-se compreender este fenômeno na etapa pré-escolar, ou seja, no momento exato em que antecede a escolaridade formal (ingresso no ensino fundamental) a fim de se produzir conhecimentos numa perspectiva preventiva em relação à escolarização. A presente pesquisa fora aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Carlos. Trata-se de um estudo analítico, observacional, e de coorte retrospectivo, composto por 52 crianças distribuídas em três grupos: Grupo de estudo GI (constituído por 12 crianças com histórico de prematuridade e baixo peso ao nascimento com risco para atraso no desenvolvimento detectado); Grupo de estudo GII (constituído por 14 crianças com histórico de prematuridade e baixo peso ao nascimento sem atraso no desenvolvimento detectado) e o Grupo Comparado-GIII (sem o referido histórico) composto por 26 crianças pertencentes a mesma classe socioeconômica de acordo com a classificação realizada por meio do Questionário Critério Brasil). Para realização das avaliações foram utilizados três instrumentos: TSDD-II (Teste de Triagem Denver II), a EPPDP (Escala de percepção dos professores sobre o desempenho e participação do aluno no ambiente escolar), e a ELPK-rb (Escala Lúdica Pré-escolar de Knox-Revisada). O primeiro instrumento foi utilizado para definir a composição das amostras, o segundo com o objetivo de aferir a percepção dos professores frente ao desenvolvimento das crianças, e o último para realizar a avaliação específica do comportamento lúdico. Os dados coletados foram analisados de forma quantitativa, no intuito de se verificar a presença de diferenças significativas no comportamento lúdico em relação aos três grupos. Para verificar a significância de possíveis associações entre os grupos de prematuros e crianças nascidas a termo, com os resultados obtidos a partir do TSDD-II, optou-se pelo Teste Exato de Fisher. Depois de verificada a associação entre as variáveis de interesse, foi empregado o teste de Kruskal-Wallis no intuito de verificar a existência, ou não, de diferenças entre os escores obtidos pelas classes de variáveis analisadas, nos domínios da ELPK-rb.
Os resultados deste estudo revelaram que a partir de uma análise detalhada do comportamento lúdico das crianças, ou seja da maneira como elas brincam, é possível identificar a presença de alterações no desenvolvimento global, como também em áreas mais específicas do desenvolvimento humano. Em relação ao desempenho das crianças nas atividades que envolvem a coordenação motora global, observou-se que entre as crianças com histórico de prematuridade e risco para atraso no desenvolvimento 8% obtiveram resultados insatisfatórios e 17% foram avaliadas como tendo um desempenho parcialmente satisfatório, o que não se repetiu nos demais grupos analisados, os quais obtiveram na maioria dos casos rendimento muito satisfatórios. Um quadro semelhante foi observado ao se analisar o desempenho das crianças nas atividades motoras finas, onde as crianças com histórico de prematuridade apresentaram um desempenho inferior aos das crianças nascidas a termo, principalmente ao se comparar os resultados obtidos pelas crianças do grupo GI com os obtidos pelas crianças do grupo GIII. Em relação aos resultados obtidos na avaliação do domínio da participação da ELPK-rb, a quase totalidade das crianças dos grupos GI, GII e GIII apresentaram um brincar cooperativo, ou seja, preferiam brincar com outras crianças do que só. Outro fator que nos chama a atenção ao observar os resultados referentes ao domínio da participação, foi a presença de uma maior dificuldade das crianças com histórico de prematuridade e “risco” para atraso no desenvolvimento em “participar de jogos com regras simples” (uma vez que 17% não apresentaram o comportamento esperado e 25% o realizaram de forma hesitante). Ainda com relação ao domínio da participação, ao se analisar os resultados referentes à área da linguagem observou-se, novamente, um desempenho inferior entre as crianças com histórico de prematuridade, principalmente entre as crianças do grupo GI, quando comparadas às crianças nascidas a termo. Sobre o desempenho das crianças no domínio do faz-de-conta/jogo simbólico da ELPK-rb, notou-se que as crianças do grupo GI obtiveram resultados inferiores aos das crianças dos grupos GII e GIII, principalmente nos subitens “interpreta emoções mais complexas” e desempenha “função nas brincadeiras para/ou com os outros”. Ao realizar a associação entre os resultados obtidos pelos grupos na ELPK-rb, com os apresentados no TSDD-II, observou-se que há alterações no comportamento lúdico das crianças com histórico de prematuridade, decorrentes de possíveis atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor, uma vez em todas as comparações realizadas, os resultados apresentados pelas crianças do estrato 1 (com histórico de prematuridade e “risco” para atraso no desenvolvimento) diferiram das crianças do estrato 4 (nascidas a termo e com presença de “cautelas”). No entanto, não é possível afirmar que a presença de “risco” para atraso no desenvolvimento detectado pelo TSDD-II, bem como as alterações no comportamento lúdico das crianças sejam conseqüências exclusivas da prematuridade, mas sim que são decorrentes de múltiplos fatores que se somam e influenciam, concomitantemente, no processo de desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas, psicológicas, e sociais das crianças. Confirma-se, então, a necessidade das práticas de educação, saúde e promoção do desenvolvimento ocorrer em conjunto, contribuindo para a detecção de fatores de risco e para a promoção da qualidade das interações e do ambiente em que as crianças encontram-se inseridas. Neste sentindo, é necessário realizar investimentos na capacitação de educadores/cuidadores/pajens, uma vez que estes podem constituir-se em fatores protetivos ao desenvolvimento das crianças, minimizando/anulando os efeitos negativos advindos da presença de fatores de riscos sociais e biológicos mediante a estimulação das habilidades que englobam o desenvolvimento infantil, principalmente através do brincar, já que este se constitui como uma das principais atividades realizadas pelas crianças em idade pré-escolar, e cuja essência primordial é a promoção do desenvolvimento biopsicomotor e cognitivo dos sujeitos. Ao oferecer às crianças a possibilidades de brincar, dá-se a estas muito mais que o ato em si mesmo, pois proporciona-se a cada uma delas uma perspectiva melhor de vida e um desenvolver de forma natural e saudável.


  • Pesquisa fenomenológica

É uma descrição da experiência vivida da consciência, mediante o expurgo de suas características empíricas e sua consideração no plano da realidade essencial”
“Busca a interpretação do mundo através da consciência do sujeito formulada com base e suas experiências” Gil, 1991.

Lazer de pessoas com deficiências físicas e visuais: significando, aprendendo e ensinando – Claudia Faganholi (Dissertação de Mestrado)

As vivências das pessoas com deficiências em diferentes práticas sociais, quando dissociadas da reflexão sobre a construção social das deficiências e, principalmente, dos significados atribuídos por elas a estas práticas, podem evidenciar julgamentos valorativos, como os que classificam e hierarquizam os indivíduos, gerando atitudes marginalizantes. Dessa forma, educarmo-nos para a superação de iniquidades sociais implica em estar com as pessoas, dirigindo o olhar para suas formas de perceber e significar o mundo a partir de suas experiências, ou seja, do desvelar de mulheres e homens sendo-no-mundo. Essa proposta é, em uma perspectiva fenomenológica, dispor-se ao envolvimento com os anseios, as emoções, as lembranças e todas as experiências que nos são permitidas perceber, no espaço/tempo de encontro com as pessoas. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi compreender os processos educativos decorrentes da prática social lazer das pessoas com deficiências físicas e visuais. Localizando a investigação a partir da visão das pessoas colaboradoras da pesquisa, sobre seu lazer, o trabalho utilizou os referenciais metodológicos da Fenomenologia, na modalidade fenômeno situado. Os colaboradores da pesquisa são frequentadores de clubes sóciorecreativos, no município de São Carlos. Foram entrevistadas três pessoas com deficiências físicas e três pessoas com deficiências visuais, entre 17 e 73 anos de idade. Optamos por coletar os discursos a partir de duas interrogações: “Qual o significado do lazer na sua experiência de vida?” e “O que você aprende e ensina na sua vivência de lazer?”. Após várias leituras da transcrição das entrevistas, foram realizados o levantamento das unidades de significado e a redução fenomenológica. A análise dos dados caminhou para a organização das convergências, divergências e idiossincrasias surgidas nos discursos, expostas em uma matriz nomotética. Na construção dos resultados, os processos educativos observados apontam especialmente para a valorização da prática social lazer como um espaço de troca de experiências, de convívio social e de afirmação da capacidade de fruição do lazer pelas pessoas com deficiências. Neste contexto, apontam para situações de possível combate a pensamentos e atitudes preconceituosas, que são significativas, inclusive em sua singularidade, para se pensar o estabelecimento de políticas públicas que promovam acessibilidade, incentivo e apoio para essa fruição, ainda que diante de uma história de negação de oportunidades em nossa sociedade. Desta forma, o lazer pode se apresentar a todas as pessoas como um espaço de reconhecimento e valorização de suas semelhanças e diferenças, limitações e potencialidades e, por conseguinte, promover uma vida cheia de sentido nas diversas práticas sociais, contribuindo para a construção da cidadania.


  • Pesquisa participante
“Uma modalidade de pesquisa que tem como propósito “auxiliar a população envolvida a identificar por si mesma os seus problemas e realizar a análise crítica destes e a buscar soluções adequadas” Gil, 1991.

A porta está aberta : aprendizagem colaborativa, prática iniciante, raciocínio clínico e terapia ocupacional .Taís Quevedo Marcolino (Tese de Doutorado)

A intervenção da pesquisa caracterizou-se pela participação em um grupo de aprendizagem colaborativa, composto por seis terapeutas ocupacionais iniciantes, duas terapeutas ocupacionais experientes, e pela mentora-pesquisadora; além da produção de diários reflexivos pelas profissionais iniciantes. Os dados provenientes das transcrições dos encontros do grupo e das narrativas escritas nos diários foram submetidos a três etapas de análise: uma análise temática e do processo de desenvolvimento dos temas; uma análise das transformações nos modos de trabalhar no grupo em uma linha do tempo; e a análise dos processos reflexivos evidenciados nas narrativas escritas. Os resultados procuram elucidar aspectos relacionados à configuração do trabalho colaborativo ao longo do tempo, indicando momentos-chave de mudanças caracterizados pela elaboração aberta e honesta dos conflitos e pela construção de relações de confiança, permitindo a explicitação do não saber e a possibilidade de trabalhar sobre a tensão essencial entre ser terapeuta ocupacional e a assistência em terapia ocupacional. As negociações e elaborações centradas no primeiro pólo abarcaram dilemas relacionados à competência profissional no início da carreira, ao trabalho na saúde mental, às questões de identidade profissional e às negociações com os contextos institucionais. As produções em torno do segundo pólo evidenciaram a construção de uma assistência que se contrapõe ao modelo biomédico, e a apropriação de conceitos teóricos que sustentam a ação do terapeuta ocupacional no manejo da relação terapeuta-paciente-atividades. Além disso, os resultados referentes à análise dos processos reflexivos evidenciados nas narrativas escritas, tomados como processos de raciocínio clínico, suscitaram diferenças em relação à literatura da área, indicando que o raciocínio procedimental esteve voltado para a dinâmica da relação triádica, em um agir intencional para a construção de histórias terapêuticas; além disso, os resultados evidenciaram relações entre o raciocínio de diagnóstico situacional e o raciocínio condicional, no esforço de compreender o paciente em sua vida cotidiana, suas condições sociais e emocionais em uma cultura. Neste sentido, é possível localizar esta pesquisa-ação como uma investigação que transita no universo da formação e da prática profissional, e que congrega resultados voltados para ampliar a discussão sobre como processos colaborativos podem ser meios potentes para disparar atitudes investigativas capazes de sustentar uma aprendizagem voltada para o desenvolvimento do terapeuta e de sua prática. Ao colocar a terapia ocupacional como objeto de estudo e os terapeutas ocupacionais como sujeitos capazes de produzir conhecimentos sobre a prática, esta pesquisa também se deparou com resultados que, além de elucidarem aspectos constitutivos de uma assistência centrada no sujeito-alvo, também oferecem parâmetros para discussões e novas pesquisas interessadas em construir conhecimentos que possibilitem maiores e melhores sustentações para o que fazemos.


  • Pesquisa ação
tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou ainda, com a resolução de um problema coletivo onde todos os pesquisadores e participantes estão envolvidos de modo cooperativo e participativo” Gil, 1991.

Avaliação de impactos dos trabalhos de ONGs: aprendendo a valorizar as mudanças . Roche, Chris.

É o resultado de uma prática de pesquisa-ação realizada conjuntamente por uma série de organizações não-governamentais (ONGs) internacionais e locais sediadas em quatro países. A pesquisa foi iniciada pela Oxfam da Grã-Bretanha e pela Novib da Holanda. Tenta partilhar com outros as lições aprendidas a partir desta experiência, bem como alguns dos desafios que surgem ao se pensar e realizar uma avaliação de impacto. Está dirigido particularmente aos "executores", e os especialistas em avaliação. A pesquisa mostra que há necessidade de desmistificar o tema. O objetivo é tornar a avaliação de impacto acessível sem ser simplista. Explora também aqueles elementos da avaliação de impacto que estão além do âmbito do projeto, como são os processos organizacionais (AU)



  • Pesquisa documental
“Vale-se de toda a sorte de documentos, elaborados com finalidades diversas, tais como assentamento, autorização, comunicação, etc.” Gil, 1991.

Pesquisa documental sobre a história da hanseníase no Brasil. Vicente Saul Moreira dos Santos
Em levantamento realizado no Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro foram encontrados alguns livros sobre a lepra. A obra Cura da morphéa, de Antonio Aguiar, traz um longo histórico da enfermidade, além de informações sobre diversos estágios, diagnóstico, prognóstico e tratamento. Contém informações detalhas sobre sete pacientes aos quais o próprio autor atendeu no Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro, e, ao final inclui um capítulo sobre a recepção que as teorias de Broussais tiveram no Brasil. No Arquivo Nacional foram localizados alguns documentos que versam sobre três casos. O primeiro deles é o pedido feito em maio de 1864 por um 'médico' (não de formação, mas com conhecimentos adquiridos na prática) e endereçado ao imperador Pedro II, no sentido de autorizar o teste de métodos de cura em um hospital da Corte. Alegava, para ser atendido, que teria curado alguns pacientes com lepra na província do Rio de Janeiro. Junto com o pedido anexavam-se depoimentos que supostamente comprovam a alegação. O segundo (datado de outubro de 1828) tratava do Hospital dos Lázaros do Rio de Janeiro, e pedia ao imperador Pedro I que autorizasse o aumento da guarda no local; o outro ofício, assinado pelo marquês de Caravelas (secretário de Estado dos Negócios do Império), destacando que os pacientes da instituição eram maltratados pelo médico cirurgião e pelos funcionários, solicitava que a junta do hospital tomasse as medidas necessárias para solucionar a questão. O terceiro trazia informações sobre a Santa Casa de Misericórdia de São João Del Rei (Minas Gerais), focalizando as instalações destinadas aos lázaros, entre os anos de 1879 e 1880; informava que essas dependências se localizavam no fundo do quintal da instituição e que os pacientes estavam separados segundo sexo, ressaltando ainda que a construção precisava de reformas; o documento contém informações sobre o movimento de pacientes no hospital e dados sobre as finanças da instituição. Outra etapa da pesquisa realizada no Arquivo Nacional voltou-se para a coleção de fotografias do periódicoCorreio da Manhã.

  • Ensaio Clinico
“Tipo de pesquisa em que o investigador aplica um tratamento – denominado intervenção – e observa os seus efeitos sobre um desfecho.” Gil, 1991.

KALIL, RAK ET AL - Terapia gênica com VEGF para angiogênese
na angina refratária: ensaio clínico fase I/II

Treze pacientes foram selecionados com angina refratária (Tabela 1), originados de 134 casos avaliados a partir dos seguintes critérios de elegibilidade: pacientes com angina refratária ao tratamento clínico otimizado ao máximo e cuja cinecoronariografia foi examinada por hemodinamicista e por cirurgião cardiovascular independentemente e julgados como intratáveis pelas técnicas percutânea ou cirúrgica, idade inferior a 75 anos, fração de ejeção ventricular esquerda superior a 25%, presença de sintomas de angina e/ou insuficiência cardíaca, apesar de tratamento medicamentoso máximo, ausência de neoplasia diagnosticada e manutenção de hipoperfusão miocárdica em cintilografia de controle após o período de tratamento farmacológico otimizado.

  • Levantamento
“Caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Procede-se a solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados” Gil, 1991.

Comitês de ética em pesquisa levantamento de 26 Hospitais Brasileiros. Carlos Fernando Francisconi; Délio José Kipper; Gabriel Oselka; Joaquim Clotet; José Roberto Goldim.

As normas de pesquisa em saúde, sejam nacionais ou internacionais, prevêem que todos os projetos de pesquisa que envolvam serem humanos, antes de serem executados, devem ser submetidos à análise e aprovação de um Comitê de ética em Pesquisa. O objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento do funcionamento dos Comitês de Ética em pesquisa em instituições de saúde no Brasil, de como se está fazendo pesquisa em seres humanos e quais os mecanismos institucionais que estão sendo utilizados para controlá-la. Os dados obtidos demonstram, em primeiro lugar, que é lamentável a forma como vem sendo realizada a pesquisa biomédica no Brasil, em relação aos parâmetros de caráter ético estabelecido por normas nacionais e internacionais. Em segundo lugar, a necessidade de uma ampla divulgação das orientações nacionais e internacionais de pesquisa em saúde e do papel relevante dos Comitês de Ética em Pesquisa.


  • Estudo de caso
“Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.” Gil, 1991.

Método pilates em revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para reestruturação postural – Estudos de caso. SACCO, I.C.N.; ANDRADE, M.S.; SOUZA, P.S.; NISIYAMA, M.; CANTUÁRIA, A.L.;
MAEDA, F.Y.I.; PIKEL.

proposta deste estudo foi analisar por uma visão cinesiológica e biomecânica
alguns exercícios do método Pilates e compará–los entre si para uma melhor descrição do método e dos benefícios desta atividade. Duas professoras do método foram fotografadas realizando tais exercícios nos aparelhos Mat, Cadillac, Chair e Reformer e, posteriormente os músculos trabalhados, de forma concêntrica e excêntrica, e os alongados foram comparados com os ângulos articulares mensurados no programa Corel Draw. Para o cálculo dos torques resistentes a partir do modelo antropométrico de Dempster, foi aplicado o método segmentar nas fotografias digitalizadas para determinar os centros de gravidade dos segmentos do corpo. Concluímos que há uma grande variação dos torques resistentes em função do posicionamento dos membros superiores e inferiores, tronco e cabeça nos exercícios analisados e que a musculatura abdominal é o principal grupo muscular trabalhado.


  • Grounded theory
“ grounded theory (teoria baseada em dados): O pesquisador reúne um volume de dados referente a determinado fenômeno. Após compará-los, codificá-los e extrair seus irregularidades, conclui com teorias que emergiram desse processo de análise” Gil, 1991.

Estratégias metodológicas para compreensão da resiliência em famílias.  Maria Angela Mattar Yunes, Heloísa Szymanski

O estudo do fenômeno da resiliência em famílias é um domínio da Psicologia que requer investigações do ponto de vista conceitual e metodológico. O presente trabalho apresenta uma reflexão crítica sobre pesquisas quantitativas acerca da resiliência individual e considera que a complexidade do construto sugere novas metodologias para o estudo do fenômeno em famílias. Como possível solução metodológica, propomos a associação de duas estratégias qualitativas: a entrevista reflexiva e a grounded-theory. A entrevista reflexiva é um método dinâmico e interativo para obtenção de informações e a grounded-theory apresenta princípios de análise que complementam e subsidiam este tipo de coleta, permitindo que os conceitos emerjam dos próprios dados e não sejam impostos por eles.


http://www.redalyc.org/pdf/284/28439313.pdf

POSTADO POR: NATÁLIA NASCIMENTO PETRONI, LAIS CATINACCIO E LAYSLA DEMONARI