sábado, 21 de dezembro de 2013

USP cria curso de extensão online para ensinar escrever artigos científicos

Segundo informações do site, o curso é totalmente online e gratuito. Não há emissão de certificados para o curso online. Não há formação de turmas. Basta baixar as apostilas e assistir as videoaulas. Cada apostila corresponde a uma videoaula. Sugere-se realizar as atividades propostas no final de cada módulo. É importante também buscar material extra, incluindo aqueles descritos no Material de Apoio.

Para ter acesso ao curso e todo material, acesse: http://www.escritacientifica.com/

Por Jaime Leite Jr.

sábado, 14 de dezembro de 2013



Estruturas pouco utilizadas em pesquisa

Há diversas possibilidades de fazer pesquisas e de apresentar trabalhos, que por vezes, fogem das formas metodológicas mais usuais inclusive, alguns trabalhos não apresentam em seu corpo a metodologia utilizada. É interessante tomar conhecimento dessas diferentes estruturas, a fim de pensar em formas criativas e de como poderiam ser usadas na pesquisa em Terapia Ocupacional.

A seguir, colocaremos alguns exemplos:
1. Photovoice
2. Fotojornalismo



1.      Photovoice

É uma metodologia de investigação-ação participativa. Parte da fotografia e da voz dos participantes para conhecer as suas experiências e vivências. Permite que os participantes respondam perguntas através de Fotografias.

Objetivos:
 1. Encorajar os indivíduos a identificar e a refletir sobre aspectos da sua própria experiência pessoal, familiar e comunitária;
2. Promover o diálogo crítico e o conhecimento sobre aspectos importantes da sua comunidade;
3. Projetar a visão acerca das suas vidas a outros, especialmente poderosos agentes políticos.

Potencialidades:
-Elevada flexibilidade, podendo ser adaptado a diferentes objetivos, grupos, temas;
-Acrescenta o elemento visual aos processos participativos tradicionais de recolha e análise de informação;
-Promove o envolvimento (engagement) das populações no planejamento das políticas.

Exemplo de artigo com esta estrutura:

COSTA, A. G. M. Imagem, reflexão e ação para a promoção de saúde dos adolescentes no contexto rural. Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará – Fortaleza, 2009.



 2.      Fotojornalismo

O fotojornalismo é um ramo da Fotografia, e também do Jornalismo, onde a informação clara e objetiva, através da imagem fotográfica, é imprescindível.
Através do fotojornalismo, a fotografia pode exibir toda a sua capacidade de transmitir informações, através do enquadramento escolhido pelo fotógrafo diante do fato. Nas comunicações impressas, como jornais e revistas, bem como pelos portais na internet, o endosso da informação através da fotografia é uma constante.

Exemplo de artigo com esta estrutura:
MEZZOMO, A.; BEHLING, H. P. Fotojornalismo Policial: Análise das Fotografias das Matérias Policiais do Encarte Vale Do Rio Tijucas e Costa Esmeralda no Jornal Notícias do Dia. XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Chapecó, SC – 31/05 a 02/06/2012.



Referências:

COSTA, A. G. M. Imagem, reflexão e ação para a promoção de saúde dos adolescentes no contexto rural. Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará – Fortaleza, 2009.

MEZZOMO, A.; BEHLING, H. P. Fotojornalismo Policial: Análise das Fotografias das Matérias Policiais do Encarte Vale Do Rio Tijucas e Costa Esmeralda no Jornal Notícias do Dia. XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Chapecó, SC – 31/05 a 02/06/2012.

PICADO, B. Ação, instante e aspectualidade da representação visual: narrativa e discurso visual no fotojornalismo. Revista FAMECOS. Porto Alegre, nº 39, vol. 1, p. 35-41, agosto de 2009.



Feito e publicado por: Amanda Pereira Araujo e Marilia Sales Martins.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Reflexão acerca da Revisão Sistemática

A demanda por qualidade do cuidado em saúde,  juntamente com a necessidade do uso racional de recursos tem contribuído para aumentar a pressão sobre os profissionais de saúde para a utilização de uma prática baseada em evidência cientifica em suas atuações.
A busca por respostas na literatura é feita com o intuito de procurar a melhor evidência possível, porém nem todos os estudos são bem desenvolvidos, assim, é necessário uma avaliação sobre sua aplicabilidade clinica nos resultados. As revisões sistemáticas são métodos adequados para resumir e sintetizar evidências sobre a eficácia e os efeitos de intervenções, usadas para evitar viés e possibilitar uma análise mais objetiva dos resultados, facilitando uma síntese conclusiva sobre determinada intervenção.
Uma revisão sistemática é uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre determinado tema, disponibilizando um resumo das evidências relacionadas a uma estratégia de  intervenção específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação selecionada, sendo úteis para integrar as informações.
A revisão é usualmente desenhada e conduzida após a publicação de muitos estudos experimentais sobre um tema. Dessa forma, ela depende da qualidade da fonte primária.
Um recurso da revisão sistemática é a metanálise, que é a análise da análise, um estudo de revisão da literatura em que os resultados de vários estudos independentes são combinados e sintetizados por meio de procedimentos estatísticos. Atualmente, ainda são poucas as revisões sistemáticas com metanálise disponíveis na Fisioterapia e na Terapia Ocupacional bem como em outras áreas da saúde. As razões que dificultam a realização desse tipo de estudo incluem a utilização de diferentes protocolos de pesquisa e variações na qualidade metodológica.
Antes de se iniciar uma revisão sistemática, três etapas precisam ser consideradas: definir o objetivo da revisão, identificar a literatura e selecionar os estudos possíveis de serem incluídos. Cabe destacar que uma revisão sistemática segue a estrutura de um artigo original, incluindo seções de introdução, métodos, resultados e discussão.
É importante que os pesquisadores elaborem um protocolo de pesquisa que inclua os seguintes itens: como os estudos serão encontrados, critérios de inclusão e exclusão dos artigos, definição dos desfechos de interesse, verificação da acurácia dos resultados, determinação da qualidade dos estudos e análise da estatística utilizada.
O primeiro passo é definir a pergunta - um boa revisão sistemática requer uma pergunta ou questão bem formulada e clara.
O segundo é buscar a evidência - Os pesquisadores devem se certificar de que todos os artigos importantes ou que possam ter algum impacto na conclusão da revisão sejam incluídos e tem início com a definição de termos ou palavras-chave, seguida das estratégias de busca, definição das bases de dados e de outras fontes de informação a serem pesquisadas.
O terceiro passo é revisar e selecionar os estudos - a avaliação dos títulos e dos resumos identificados na busca inicial deve ser feita por pelo menos dois pesquisadores, de forma independente e cegada, obedecendo rigorosamente aos critérios de inclusão e exclusão definidos no protocolo de pesquisa. Se o título e o resumo não são esclarecedores, deve-se buscar o artigo na íntegra, para não correr o risco de deixar estudos importantes fora da revisão sistemática.
O quarto passo é  analisar a qualidade metodológica dos estudos - a qualidade de uma revisão sistemática depende da validade dos estudos incluídos nela.
O último passo é a apresentação dos resultados- os artigos incluídos na revisão sistemática podem ser apresentados em um quadro que destaca suas características principais, como: autores, ano de publicação, desenho metodológico, número de sujeitos (N), grupos de comparação, caracterização do protocolo de intervenção (tempo,intensidade, freqüência de sessões, etc.), variáveis dependentes e principais resultados.
A seção de métodos é especialmente importante e necessita ser bem detalhada mostrando as estratégias de busca, como os estudos foram selecionados para inclusão na revisão sistemática, entre outros) e passível de reprodução.
Muitos autores de revisões sistemáticas tendem a comunicar somente os resultados positivos de ensaios clínicos, ou seja, os resultados de intervenções que produziram efeito. É importante apresentar também os resultados negativos dos estudos, já que os profissionais que estão na clínica necessitam dessa informação para mudar a sua prática. Publicar nas revisões sistemáticas os aspectos positivos e negativos das intervenções/tratamento só aumentará o conhecimento a respeito da sua eficácia e da sua limitação.
O leitor tem de se preparar ainda para avaliar a qualidade da revisão sistemática e para selecionar o que interessa entre diferentes revisões sobre o mesmo tema. É importante considerar como as conclusões desse tipo de estudo podem ser aplicadas na prática clínica, levando-se em conta o paciente e o contexto em que essa será implementada.

Referência:SAMPAIO, R. F. MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa de evidência científica. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 11, n. 1, p. 83-89, jan./fev. 2007.

Nomes: Carolina Lino, Franciele Franco e Letícia Bortolai.













domingo, 8 de dezembro de 2013

Modelos de protocolos a partir de dois artigos prédeterminados

1- Moldelo de Protocolo:
Tema:
Questão de Aprendizagem:
Tipo de Revisão de Literatura:
Descritores e seus relacionamentos:
Período (apresentar justificativas):
Fontes (apresentar justificativas):
Abrangência geográfica e de idiomas (apresentar justificativas):
Recorte longitudinal ou transversal (apresentar justificativas):
Critério de exclusão (apresentar justificativas):
Formas de análise de resultados:



2- Ensaio do Protocolo de Revisão do artigo “A caracterização da produção bibliográfica nas práticas hospitalares em terapia ocupacional no Brasil: uma revisão da literatura de 1990 a 2007” da Sandra Maria Galheigo:

Tema: As práticas hospitalares de Terapia Ocupacional no Brasil.
Questão de Aprendizagem: Qual a característica da produção do conhecimento referente às práticas hospitalares de Terapia Ocupacional no Brasil de 1990 á 2007?
Tipo de Revisão de Literatura: Revisão Sistemática.

Descritores e seus relacionamentos: terapia ocupacional relacionado com os seguintes descritores: criança hospitalizada, adolescente hospitalizado, neoplasias, doenças reumáticas, unidade de terapia intensiva neonatal,alojamento conjunto, ginecologia, neonatologia, pediatria, ortopedia, neurologia, oncologia, nefrologia, geriatria, clínica médica, clínica cirúrgica e unidade de queimados.



Período (apresentar justificativas): 1990/2007, os autores não apresentaram justificativa.
Fontes (apresentar justificativas): Foram analisados artigos em periódicos indexados e não indexados. Os não indexados foram: livros, capítulos de livro e resumos ampliados dos Anais dos Congressos Brasileiros de Terapia Ocupacional. Os indexados foram consultadas nas seguintes bases de dados: LILACS, MEDLINE e SCIELO.
Abrangência geográfica e de idiomas (apresentar justificativas): Apenas artigos referentes ao país Brasil, nos idiomas português e inglês.

Recorte longitudinal ou transversal (apresentar justificativas): Transversal, pois será analisado apenas do período de 1990 á 2007.

Critério de exclusão (apresentar justificativas): Nenhum documento referente a outro país, já que o estudo visa identificar a relação nacional com o tema.
Nenhum documento que não apresente a atuação do profissional de Terapia Ocupacional, já que o mesmo é o foco do trabalho.
Formas de análise de resultados: O material foi organizado e analisado por período, região de inserção profissional do autor, tipo de publicação, periódicos e indexação, tipo de produção (pesquisa, revisão bibliográfica, relato de experiência, trabalhos de natureza teórica, metodológica e técnica) e domínios de publicação.



3- Protocolo do artigo “A prática da terapia ocupacional junto à população infantil: revisão bibliográfica do período de 1999 a 2009” da Fátima Oliver:


Tema: A prática da terapia ocupacional junto à população infantil.
Questão de Aprendizagem: Como tem sido a atuação sobre o trabalho desenvolvido em terapia ocupacional junto a crianças no Brasil no período entre 1999 e 2009?

Tipo de Revisão de Literatura: Revisão Sistemática.
Descritores e seus relacionamentos: “terapia ocupacional” e “criança”, “terapia ocupacional” e “infância” e “terapia ocupacional” e “desenvolvimento infantil”

Período (apresentar justificativas): 1999/2009, as autoras não apresentaram justificativa.

Fontes (apresentar justificativas): Foram analisados artigos de periódicos indexados e não indexados, no caso dos não indexados: Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar,  que não tem mecanismos automáticos de busca e foi feita uma varredura manual. Até o momento do levantamento bibliográfico, a Revista de Terapia Ocupacional da USP não havia disponibilizado os números relativos ao ano de 2009. Alguns artigos estavam disponibilizados na integra na rede internacional de computadores e outros foram localizados em bibliotecas. E na parte indexada: bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe de Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO).

Abrangência geográfica e de idiomas (apresentar justificativas): Apenas artigos referentes ao país Brasil, nos idiomas português, inglês e espanhol.

Recorte longitudinal ou transversal (apresentar justificativas): Transversal, pois será analisado apenas do período de 1999 á 2009.
Critério de exclusão (apresentar justificativas): Trabalhos que não relatassem a atuação da terapia ocupacional com crianças.
Formas de análise de resultados: As informações foram organizadas em um banco de dados e posteriormente analisadas, em relação à autoria, ano e periódico de publicação, tipo de trabalho, metodologia/modelo de atenção, problemática abordada e instituição/local de atuação.

Feito e publicado pelas alunas: Maria Aparecida, Tatiana de Vasconcellos e Thamirys Urbano.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Treinamento sobre Bases de dados

No dia 26 de novembro realizamos um treinamento na biblioteca comunitária da UFSCar sobre como realizarmos pesquisas nas seguintes bases de dados: CAPES, CAMBRIDGE, WILEY, UPTODATE, DYNAMED, NEWSPAPER DIRECT, ATHENEU, WEB OF SCIENCE, SCIENCE DIRECT e CATÁOLOGO COLETIVO NACIONAL . Com o intuito de auxiliar os discentes em futuras pesquisas, construímos tutoriais dos mesmos.

Tutorial CNN 
Tutorial COMUT
Tutorial DIRECT
Tutorial CAMBRIDGE
Tutorial WILEY
Tutorial CAPES
Tutorial DynaMed
Tutorial UpToDate
Tutorial Newspaper Direct





Ana Carolina, Guilherme e Mariana

domingo, 24 de novembro de 2013

Metodologias de Pesquisa

Pesquisa Participativa

Essa pesquisa, como o próprio nome sugere, implica necessariamente na participação, tanto do pesquisador no contexto, grupo ou cultura que está a estudar, quanto dos sujeitos que estão envolvidos no processo da pesquisa.

Em oposição à pesquisa tradicional, na qual o pesquisador gera a ideia para o projeto, define os métodos e interpreta a realidade, considerando que é uma tarefa profissional de especialistas habilitados para conduzir e controlar todas as etapas da pesquisa e redigir, ao final, um texto técnico pessoal de comunicação dos resultados alcançados. Na pesquisa participativa o conhecimento é gerado pelas pessoas da comunidade ou da organização que coletam e analisam as informações, utilizando métodos adequados a sua compreensão, visando promover ações possíveis e factíveis que mudem ou melhorem suas vidas.

A pesquisa participativa assume que as pessoas, membros de comunidades, detêm conhecimentos e, potencialmente, são capazes de identificar seus problemas, ter consciência de suas necessidades e das condições que os determinam, esclarecer o contexto em que vivem e formular os meios necessários para afrontá-los, desde que auxiliados adequadamente para reunir o conjunto de forças da coletividade.

No que diz respeito aos instrumentos para coleta de dados adotados por pesquisadores participantes, podemos relacionar como mais recorrentes as entrevistas semi-estruturadas (coletivas e individuais), a análise documental e a observação participante. Entretanto, também podem ser encontradas pesquisas que se utilizam de entrevistas estruturadas, da técnica de sociodrama e mesmo do questionário, sendo esse último, no contexto da pesquisa participante, rejeitado por alguns.

Desse modo, vimos que a pesquisa aqui abordada tem como princípio uma ação transformadora que privilegia a melhoria das condições de vida dos indivíduos envolvidos com ela; estes que serão objetos de estudo e ao mesmo tempo pesquisadores, construtores de um novo saber que supera os saberes construídos no cotidiano da vida comunitária.

Pesquisa-Ação

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa participante engajada, em oposição à pesquisa tradicional, que é considerada como “independente”, “não-reativa” e “objetiva”. Como o próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática. É, portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é uma pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta (ENGEL, 2000, p.182).

 A pesquisa-ação é uma metodologia que pretende preencher a lacuna entre a teoria e a prática sendo constituída por etapas como o levantamento de perguntas, revisão bibliográfica, observação, levantamento de necessidades, hipóteses, plano de ação, avaliação dos resultados, publicação dos resultados e retorno destes aos participantes. Alguns instrumentos e procedimentos que se encaixam em uma ou mais etapas citadas são a observação, o levantamento de necessidades, questionários, entrevistas semi-estruturadas, entrevista aberta, questionários, análise do discurso, análise do sujeito coletivo, grupo focal, Diagnóstico Rápido e Dialogado (DRD), entrevista painel, diário de campo/ notas de campo, filmagens e gravações de grupos.

Estudo de caso

Atualmente, esse tipo de pesquisa é muito utilizado, podendo ser feito em várias áreas do conhecimento, como na saúde, na área jurídica, jornalística, da economia, etc. Pode ser realizado com uma pessoa especificamente, ou uma comunidade, um grupo e até mesmo um evento, entre outros.

Tem como objetivos compreender os acontecimentos do caso, esclarecer os processos a serem realizados e construir/propor novas ações. Existem três tipos conforme esses objetivos: intrínseco (que possibilita conhecer melhor o caso em si), o instrumental (visa esclarecer uma questão ou determinar uma teoria) e o coletivo (tenta entender diversos estudos de caso instrumentais).

O plano de pesquisa permite esquematizar quatro fases: 1º) Seleção dos casos e negociação do acesso; 2º) Trabalho de campo (coleta sistemática das informações); 3º) Organização dos registros (arquivamento padrão); 4º) Redação do relatório (didático e descritivo).

Porém, existem algumas objeções: alguns autores defendem que o Estudo de Caso não é propriamente uma metodologia, e que também possui características pouco consistentes e bem particulares, impossibilitando generalizações.

Mesmo assim, é considerado uma metodologia muito eficaz em estudos exploratórios ou estudos piloto (fase preparatória, que analisa toda a literatura disponível sobre um assunto e gera a definição do caso), além de gerar hipóteses para pesquisas posteriores, o que é considerado muito positivo.

Etnografia

Essa metodologia consiste na descrição da análise da cultura dos indivíduos ou comunidades (observação das interações sociais) e na interação direta com as pessoas na sua vida cotidiana, suas ações e significados atribuídos a elas. Ela se caracteriza pela descrição de um grupo especifico, descrevendo informações singulares do mesmo.

As principais fontes, antigamente, eram as teorias evolucionistas (que não são mais utilizadas). Com o tempo, se foi mudando as abordagens, utilizando a comparação de uma sociedade com a outra, posteriormente, a descrição das crenças das comunidades e, por fim, o racionalismo antropológico, onde o pesquisador participa (por um período) daquela comunidade, vive, estuda, mas sem ideias pré-concebidas, utilizando-se da observação participativa, tendo uma devolutiva para o grupo.

Em 1980-1990, optaram-se por abordar mais subjetividade/ legitimidade nos estudos.

As coletas geralmente são feitas a partir de observações e relatos feitos em campo, autobiografias e diário de campo. Os instrumentos são: papel, caneta, gravador e filmadora.

Pesquisa experimental e ensaio clínico

Pesquisa experimental:

Possui etapas de planejamento, sendo elas:

- Formular um problema (de maneira clara, objetiva e precisa);

 - Construção de hipóteses;

- Operacionalização das variáveis;

- Definição do plano experimental (de um única variável “one-way” ou planos fatoriais: testa várias hipóteses para chegar num resultado mais confiável);

- Determinação dos sujeitos: beneficiar a população que o sujeito da pesquisa faz parte, dar uma devolutiva;

- Randomização (aleatoriamente: simples ou pareada: dentro de pares semelhantes um é experimental e o outro é o controle);

- Determinação do ambiente (o pesquisador deve conhecer muito bem o ambiente para poder analisar suas possíveis influências na pesquisa, este ambiente pode ser o laboratório ou campo); e coleta de dados (manipulação das condições, observação dos efeitos produzidos);

- Análise e interpretação dos dados (análise estatística para analisar os impactos das diferenças entre grupos controle e experimental);

- Redação do relatório (introdução, referenciais teóricos, materiais e métodos, resultados obtidos/discussão, conclusão).

* O sujeito da pesquisa não precisa ser um ser humano, podem ser animais ou objetos.

Ensaio clínico:

O ensaio clínico pode ser definido como uma pesquisa experimental. Existem diversas modalidades, a mais conhecida é o Ensaio Randomizado Cego.

Suas etapas são:

- Formulação do problema

- Construção de hipóteses

- Definição dos objetivos

- Seleção dos participantes (pelos critérios de inclusão e exclusão)

- Medição das variáveis basais (dispor de informações prévias acerca dos participantes, principalmente em estudos com poucos participantes)

- Definição dos procedimentos do tratamento

- Randomização

- Cegamento (ensaio duplo-cegos)

- Acompanhamento de aderência ao protocolo

- Medição do desfecho

* Interrupção do ensaio (Se os danos superam os benefícios, não há porque mantê-lo. Se há indícios de que o ensaio não irá possibilitar a obtenção de respostas)

- Análise dos resultados (por testes de diferença ou teste não paramétricos).


Tipos de análise

Análise do discurso:

A análise do discurso pode ser utilizada de diversas formas que atendem a objetivos muito diferentes. Isso ocorre devido ao discurso não ter sentido único, por isso é analisado de formas variadas atendendo a necessidade do pesquisador.  Procura analisar o uso da linguagem em discursos contextualizados de pessoas que interagem, e os processos pelos quais dão forma linguística e produzem sentido nas suas interações sociais.

Tendências: 1ª considera o discurso regendo-o por normas (estudando a gramática), tendo por finalidade investigar as propriedades formais da língua. 2ª analisa o discurso situado num contexto sócio histórico e leva em consideração o sentido elaborado no momento da produção do discurso.

Análise do conteúdo:

A análise de conteúdo visa decompor as unidades léxicas ou temáticas de um texto, codificadas sobre algumas categorias, compostas por indicadores que permitam uma enumeração das unidades e, a partir disso, estabelecer inferências generalizadoras.

O critério fundamental de análise de conteúdo é o fragmento singular do texto: a palavra, termo ou lexema, considerando-os como a menor unidade textual e, como tal, passível de se analisar a frequência com que aparecem no texto, a fim de se estabelecer correlações significativas entre as unidades e extrair conteúdo relevante da mensagem. Para alguns, esta é uma técnica exclusivamente quantitativa.

Análise de Narrativa

A análise de narrativa pode ter uma variedade de formas em pesquisa. Nela, existem duas orientações fundamentais, a qual a primeira se deriva no formalismo estruturalista e se baseia na coerência de um texto ser encontrado em formas, sintaxe e códigos; e a segunda analisa a narrativa a partir das experiências vividas, produzidas nas interações sociais e especialmente entrevistas clínicas.

A análise formal-estrutural parte de princípios relacionados ao código, gramática e sintaxe, procurando extrair os significados do texto usando as regras preestabelecidas.

Os etnometodológos estudam as narrativas como conversações situadas, extraindo as unidades de análise dependentes do contexto em que são ditas, encontrando os fundamentos que expliquem o significado da narrativa, partindo de pressupostos e regras que a descrevam. As análises etnometodológicas das narrativas e a antropologia das comunicações assumem a forma de análise de conversação.

As análises de conversação são eminentemente descritivas da fala dos participantes, pressupondo que os proseadores constroem uma realidade social nas intercomunicações interpessoais.

Nas narrativas clínicas, encontra-se 2 formas de exploração da narrativa para se obter informações sobre a experiência humana vivida e sobre o modo como alguém constrói o sentido de suas ações. A primeira é pré-formatada pelo investigador, extraindo informações requeridas para verificar sua hipótese; e a segunda, elaborada pelo narrador que relata sua historia pessoal, da qual se retira o sentido que ele próprio empresta à realidade.

Diferenças entre esses tipos de análise:

A análise do conteúdo, análise do discurso e análise de narrativas são modalidades de interpretação de textos que, apoiando-se em diferentes orientações filosóficas, propõem formas de análise fundamentadas nas diversas teorias linguísticas, na semiótica, na hermenêutica, no estruturalismo, no pós-estruturalismo, no interacionismo e na análise da conversação, a fim de se extrair significados expressos ou latentes de um texto.

Para Bardin (1979), a análise de conteúdo abrange as iniciativas de explicitação, sistematização e expressão do conteúdo de mensagens, com a finalidade de se efetuarem deduções lógicas e justificadas a respeito da origem dessas mensagens (quem as emitiu, em que contexto e/ou quais efeitos se pretende causar por meio delas).

A análise de discurso visa refletir sobre as condições de produção e apreensão da significação de textos e compreender o modo de funcionamento, os princípios de organização e as formas de produção social do sentido (Minayo, 2000).          Trabalhando o ponto de articulação da língua com a ideologia e procura explicitar o modo como se produzem as ilusões do sujeito e dos sentidos (os pontos de estabilização referencial e os de subjetivação), analisando como se dá esse sentido e os processos e o influenciam.

A análise de narrativa objetiva obter informações sobre a experiência humana vivida e relatada, a fim de apreender e compreender o sentido de suas ações. Baseia-se em regras pré-estabelecidas.


História de vida

Essa metodologia se inseriu no meio acadêmico em 1920, na escola de Chicago. Trata-se de uma coleta de dados, onde se tem a subjetividade do mundo da pessoa, onde o próprio sujeito faz a avaliação de sua vida e também acaba refletindo o que passou. Ter um vínculo com o entrevistado é importante para a história de vida ser coletada de modo que se sinta confortável a abrir partes de sua vida. É uma metodologia de uma pesquisa qualitativa, podendo ser oral, escrito ou no método biográfico. Os instrumentos utilizados são gravação ou entrevista.

Podemos classificar essa metodologia em quatro tipos: objetivo, subjetivo, relato ou história de vida (estória) ou documento (história). Os gêneros são divididos em biografia, etnografia, autobiografia, testemunho e história oral.



Referências Bibliográficas

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa Qualitativa em Ciências Humanas e Sociais. 4ºed. Petrópolis. RJ: Vozes, 2011.

ENGEL, G. I. Pesquisa-ação. Curitiba: Educar, n. 16, p. 181-191. 2000.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 5º Ed., São Paulo: Atlas, 2010.

Santos, R. F. Pesquisa Participante: o que é, como se faz. Publicado em mar/2012. Disponível em: http://baixadacarioca.wordpress.com/2012/03/19/pesquisa-participante-o-que-e-como-se-faz/ Acesso em: Nov/2013.


Soares, L. Q.; Ferreira, M. Q. Pesquisa Participante como Opção Metodológica para a Investigação de Práticas de Assédio Moral no Trabalho. Psicologia (Florianópolis), v. 6, p. 85-110, 2006.


Maria Angelica, Mayara e Milena