sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Reflexão acerca da Revisão Sistemática

A demanda por qualidade do cuidado em saúde,  juntamente com a necessidade do uso racional de recursos tem contribuído para aumentar a pressão sobre os profissionais de saúde para a utilização de uma prática baseada em evidência cientifica em suas atuações.
A busca por respostas na literatura é feita com o intuito de procurar a melhor evidência possível, porém nem todos os estudos são bem desenvolvidos, assim, é necessário uma avaliação sobre sua aplicabilidade clinica nos resultados. As revisões sistemáticas são métodos adequados para resumir e sintetizar evidências sobre a eficácia e os efeitos de intervenções, usadas para evitar viés e possibilitar uma análise mais objetiva dos resultados, facilitando uma síntese conclusiva sobre determinada intervenção.
Uma revisão sistemática é uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre determinado tema, disponibilizando um resumo das evidências relacionadas a uma estratégia de  intervenção específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação selecionada, sendo úteis para integrar as informações.
A revisão é usualmente desenhada e conduzida após a publicação de muitos estudos experimentais sobre um tema. Dessa forma, ela depende da qualidade da fonte primária.
Um recurso da revisão sistemática é a metanálise, que é a análise da análise, um estudo de revisão da literatura em que os resultados de vários estudos independentes são combinados e sintetizados por meio de procedimentos estatísticos. Atualmente, ainda são poucas as revisões sistemáticas com metanálise disponíveis na Fisioterapia e na Terapia Ocupacional bem como em outras áreas da saúde. As razões que dificultam a realização desse tipo de estudo incluem a utilização de diferentes protocolos de pesquisa e variações na qualidade metodológica.
Antes de se iniciar uma revisão sistemática, três etapas precisam ser consideradas: definir o objetivo da revisão, identificar a literatura e selecionar os estudos possíveis de serem incluídos. Cabe destacar que uma revisão sistemática segue a estrutura de um artigo original, incluindo seções de introdução, métodos, resultados e discussão.
É importante que os pesquisadores elaborem um protocolo de pesquisa que inclua os seguintes itens: como os estudos serão encontrados, critérios de inclusão e exclusão dos artigos, definição dos desfechos de interesse, verificação da acurácia dos resultados, determinação da qualidade dos estudos e análise da estatística utilizada.
O primeiro passo é definir a pergunta - um boa revisão sistemática requer uma pergunta ou questão bem formulada e clara.
O segundo é buscar a evidência - Os pesquisadores devem se certificar de que todos os artigos importantes ou que possam ter algum impacto na conclusão da revisão sejam incluídos e tem início com a definição de termos ou palavras-chave, seguida das estratégias de busca, definição das bases de dados e de outras fontes de informação a serem pesquisadas.
O terceiro passo é revisar e selecionar os estudos - a avaliação dos títulos e dos resumos identificados na busca inicial deve ser feita por pelo menos dois pesquisadores, de forma independente e cegada, obedecendo rigorosamente aos critérios de inclusão e exclusão definidos no protocolo de pesquisa. Se o título e o resumo não são esclarecedores, deve-se buscar o artigo na íntegra, para não correr o risco de deixar estudos importantes fora da revisão sistemática.
O quarto passo é  analisar a qualidade metodológica dos estudos - a qualidade de uma revisão sistemática depende da validade dos estudos incluídos nela.
O último passo é a apresentação dos resultados- os artigos incluídos na revisão sistemática podem ser apresentados em um quadro que destaca suas características principais, como: autores, ano de publicação, desenho metodológico, número de sujeitos (N), grupos de comparação, caracterização do protocolo de intervenção (tempo,intensidade, freqüência de sessões, etc.), variáveis dependentes e principais resultados.
A seção de métodos é especialmente importante e necessita ser bem detalhada mostrando as estratégias de busca, como os estudos foram selecionados para inclusão na revisão sistemática, entre outros) e passível de reprodução.
Muitos autores de revisões sistemáticas tendem a comunicar somente os resultados positivos de ensaios clínicos, ou seja, os resultados de intervenções que produziram efeito. É importante apresentar também os resultados negativos dos estudos, já que os profissionais que estão na clínica necessitam dessa informação para mudar a sua prática. Publicar nas revisões sistemáticas os aspectos positivos e negativos das intervenções/tratamento só aumentará o conhecimento a respeito da sua eficácia e da sua limitação.
O leitor tem de se preparar ainda para avaliar a qualidade da revisão sistemática e para selecionar o que interessa entre diferentes revisões sobre o mesmo tema. É importante considerar como as conclusões desse tipo de estudo podem ser aplicadas na prática clínica, levando-se em conta o paciente e o contexto em que essa será implementada.

Referência:SAMPAIO, R. F. MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa de evidência científica. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 11, n. 1, p. 83-89, jan./fev. 2007.

Nomes: Carolina Lino, Franciele Franco e Letícia Bortolai.













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